segunda-feira, 8 de setembro de 2008

De minhas certezas incertas

Há uma porção de coisas certas nessa vida, há também quem diga que não.
Mas eu estou pleno de que virá um clarão do leste, e o sol nos iluminará por aproximadamente doze horas. Depois virá a lua e nos banhará por outras doze, depois vamos nos dar conta que isso não importa. É quase certo que isso se dê aproximadamente vinte uma mil vezes. Depois de algumas delas descobriremos que assim como não importa o que acontece com nosso herói. Não importa muito quantas vezes acontecerá, quantos dias viveremos... Importa o que é feito de cada um deles. Assim como nossa consciência inconsciente de nossos átomos, assim como a inconsciência consciente do cosmos para conosco.

É certo também que dentro desse aglomerado, que finge o caos, haverão milhões de consciências, milhões de memórias. Há algo certo sobre nossas memórias também. Rememoraremos cada derrota, das vitórias ficarão apenas as que trouxerem o tempero do medo. E isso pouco importa também, pois memórias são só caricaturas do passado. Pois mais certo que tudo isso, é que o passado é só uma prisão, e o futuro apenas uma incerteza.

E voltamos para nosso sol nascente. Nosso dia, e nosso dia-a-dia. O que é feito dele, o que é construído nele, o que é destruído nele. O que é. Certo também como disse Kerouac que ‘’A mente é o Criador, sem razão nenhuma, por toda esta criação, criada para ruir’’. E mais certo que isso é que a única coisa mais bonita que a criação de uma mente, é sua ruína, o sabor que o cosmos dá a tudo que dele faz parte. Como um whiskey num potstill, como um queijo putrefato, como um beijo dormido, um livro amarelado, como as paredes derruídas, como o olhar calmo numa varanda de fim-de-vida.

Depois de um tempo descobrimos que vivemos dentro de um potstill, descobrimos que o cosmos só é sarcástico com quem entenderá suas piadas. Que virar a outra face não significa simplesmente esperar por outro tapa, mas ter a coragem de levantar a cabeça depois de cada golpe, que a honra não está na vitória, por que na verdade não é uma luta. É uma questão de mero controle, que os corcéis de nosso espírito, assim como os que podem um dia estar entre nossas pernas, são mais fortes que nós. Temos de domá-los, que não é sobre coerção é sobre coordenação. Que o solo não existe sem a música, e que as vezes ela fica mesmo sem graça sem ele.

É certo que não existe um sentido na vida, além do que se vê. Ela não para, é um carro sem freios. E é onde entra a escolha, podemos fechar os olhos esperar o choque, ou abri-los bem, e chegar onde a estrada nos levar, o mais engraçado é que não, isso também não importa. Por que passado o susto são só as paisagens, as músicas no rádio, as não-palavras na cabeça.

Mais certo que tudo isso é que somos só um pedacinho muito pequeno do todo, e que isso é tão ínfimo quanto nós perante esse todo. Pois nossa existência reside em nossas mentes, e nossos peitos. E que as vezes nosso peito controla nossa mente rumo a criação, mas é mais importante que nossa mente controle o peito, pois este nunca perde sua pureza e pouco desse mundo é puro.

E isso tudo não importa se não lembrarmos que as vezes vale a pena perder a cabeça, mas nunca o coração.