Há uma porção de coisas certas nessa vida, há também quem diga que não.
Mas eu estou pleno de que virá um clarão do leste, e o sol nos iluminará por aproximadamente doze horas. Depois virá a lua e nos banhará por outras doze, depois vamos nos dar conta que isso não importa. É quase certo que isso se dê aproximadamente vinte uma mil vezes. Depois de algumas delas descobriremos que assim como não importa o que acontece com nosso herói. Não importa muito quantas vezes acontecerá, quantos dias viveremos... Importa o que é feito de cada um deles. Assim como nossa consciência inconsciente de nossos átomos, assim como a inconsciência consciente do cosmos para conosco.
É certo também que dentro desse aglomerado, que finge o caos, haverão milhões de consciências, milhões de memórias. Há algo certo sobre nossas memórias também. Rememoraremos cada derrota, das vitórias ficarão apenas as que trouxerem o tempero do medo. E isso pouco importa também, pois memórias são só caricaturas do passado. Pois mais certo que tudo isso, é que o passado é só uma prisão, e o futuro apenas uma incerteza.
E voltamos para nosso sol nascente. Nosso dia, e nosso dia-a-dia. O que é feito dele, o que é construído nele, o que é destruído nele. O que é. Certo também como disse Kerouac que ‘’A mente é o Criador, sem razão nenhuma, por toda esta criação, criada para ruir’’. E mais certo que isso é que a única coisa mais bonita que a criação de uma mente, é sua ruína, o sabor que o cosmos dá a tudo que dele faz parte. Como um whiskey num potstill, como um queijo putrefato, como um beijo dormido, um livro amarelado, como as paredes derruídas, como o olhar calmo numa varanda de fim-de-vida.
Depois de um tempo descobrimos que vivemos dentro de um potstill, descobrimos que o cosmos só é sarcástico com quem entenderá suas piadas. Que virar a outra face não significa simplesmente esperar por outro tapa, mas ter a coragem de levantar a cabeça depois de cada golpe, que a honra não está na vitória, por que na verdade não é uma luta. É uma questão de mero controle, que os corcéis de nosso espírito, assim como os que podem um dia estar entre nossas pernas, são mais fortes que nós. Temos de domá-los, que não é sobre coerção é sobre coordenação. Que o solo não existe sem a música, e que as vezes ela fica mesmo sem graça sem ele.
É certo que não existe um sentido na vida, além do que se vê. Ela não para, é um carro sem freios. E é onde entra a escolha, podemos fechar os olhos esperar o choque, ou abri-los bem, e chegar onde a estrada nos levar, o mais engraçado é que não, isso também não importa. Por que passado o susto são só as paisagens, as músicas no rádio, as não-palavras na cabeça.
Mais certo que tudo isso é que somos só um pedacinho muito pequeno do todo, e que isso é tão ínfimo quanto nós perante esse todo. Pois nossa existência reside em nossas mentes, e nossos peitos. E que as vezes nosso peito controla nossa mente rumo a criação, mas é mais importante que nossa mente controle o peito, pois este nunca perde sua pureza e pouco desse mundo é puro.
E isso tudo não importa se não lembrarmos que as vezes vale a pena perder a cabeça, mas nunca o coração.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
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