segunda-feira, 23 de setembro de 2013

The Do (R)evolution

Sua evolução está comprometida. Sendo impedida de acontecer neste exato instante. Enquanto somos educados, enquanto trabalhamos e somos trabalhados. Pouco a pouco somos tornados recursos humanos. No início do 'Admirável Mundo Novo' o DIC diz que um dia serão capazes de criar Ipsilons perfeitos. Nosso deplorável mundo velho está conseguindo esta missão com efetividade absurda. Aplausível do ponto de vista de qualquer bom fascista. Hoje mais do que nunca as pessoas amam suas castas e lutam por elas e por manterem-se nelas com tudo o que têm, que infelizmente é muito pouco. O que quero dizer é que nossos sistemas educacional e religioso que funcionam a partir do mesmo pressuposto estão obliterando brutalmente o que deviam fomentar.

O formato eu-sobre-o-púlpito-sei-mais-que-você-sentado-aí-embaixo vai frontalmente contra tudo de igualdade que pretende ( ou devia ) ensinar. Tanto na escola quanto na igreja. O que geralmente acontece, mesmo quando os valores dos ocupantes do púlpito são elevados, é que o homem busca seus iguais. Então o que vale é o que a pessoa do meu lado acha, não o do púlpito. Sinto nisso o que Galeano quer dizer quando nos diz que os centros de ensino ensinam a ignorar. Aprendemos, sim, a nos acostumarmos com o desconforto constante de ter de satisfazer exigências (muitas vezes incoerentes ) de um superior. É aí que nós viramos recursos humanos e deixamos de ser Humanos. Em um artigo maravilhoso de Ayn Rand chamado The Comprachiccos(Compracrianças), Rand explica o que quase todo estudante da mente humana e pedagogo do mundo sabem e ignoram. Ela explica como a forma como a educação das pessoas sendo feita da forma como é destrói a capacidade intelectual da grande maioria, com - como ela diz - exceções heroicas. Paulo Freire não ignorou e pelo mesmo motivo que o sistema de educação é um lixo, não foi ouvido. Nossa psico-epistemologia é surrada por dia após dia, por não ser nossa mente a avaliar e comprovar a Qualidade do que fazemos.

“Eles não põe a criança em um vaso para ajustá-la a seus contornos,os colocam em uma Creche "progressista" para ajustá-la a sociedade. As creches progressistas começam a educação da criança aos três anos. Sua visão de educação infantil é militantemente anti-cognitiva e anti-conceitual. Uma criança desta idade, eles clamam, é muito jovem para treinamento cognitivo; seu desejo natural não é de aprender, mas de brincar. O desenvolvimento de sua faculdade conceitual, eles reivindicam, é um fardo não natural que não deve ser imposto a ele; ele deve ser livre para agir sobre suas vontades e sentimentos espontâneos objetivando a expressão de seus desejos, hostilidades e medos. A primeira meta de uma creche “progressista” é “ajustamento social”; isto deve ser atingido por meio de atividades de grupo, nas quais espera-se que a criança atinja ambos “auto-expressão” ( por meio de qualquer coisa que sinta vontade de fazer ) e conformidade com o grupo.”(Rand)

Isso é parte da base da piramide de nosso sistema educacional, a fundação de nossos processos mentais, no formato que são aplicados na esmagadora maioria dos países ocidentais. Mas a mente embora seja prioridade, é supérflua se desprovida, ou melhor, se decepada do espírito.

Há pouco tempo lendo “Mil Platôs” em que os geniais Gilles e Félix questionam a obra de Castañeda – fazendo o contrário da academia, que questiona a metodologia e a validade científica - vão buscar o que ele quis dizer. “Melhor ainda se estes livros são a exposição de um sincretismo ao invés de uma etnografia, e um protocolo de experiências ao invés de um relatório de iniciação”. Por mim espero que sejam as duas coisas. E acredito também que o motivo de tanto etnocídio é esse. O hype em relação as canonizações católicas de qualquer maneira embaça os santos locais world wide. Para mim o que foi chamado de revolução espiritual na década de 80. É nada mais que o reconhecimento da realidade como ela é, e a visualização da realidade como ela é nos leva as fronteiras da influência do pensamento na realidade. Nos levando diretamente para os antigos, para a sabedoria. O físico Fritjof Capra no seio desta geração que previu o que nos aconteceria -saindo dos laboratórios de física avançada -, escreveu uma série de livros quando à beira mar viu no mar que aquilo tudo, isso tudo que foi e o que é, são só a dança de Shiva.

Nós fomos tão bem treinados para ignorar o óbvio, que admitimos que a TV, o celular e o computador mantém um campo energético em seu entorno. Mas acreditar em aura humana é loucura. Pois ela existe e dá para ver.

“Quando falo do homem, refiro-me ao Ego, vivo, consciente, pensador, isto é, à indivi- dualidade; e os corpos a que tenho aludido são os vários invólucros nos quais êste Ego é encerrado; cada um dêstes invólucros permite ao Ego funcionar numa certa região do universo. Um homem que deseje viajar por terra, pelo mar ou pelo espaço, fará uso dum carro, dum navio ou dum avião; porém êstes veículos em nada alteram a sua identidade. Do mesmo modo o Ego, o homem verdadeiro, conserva a sua identidade, seja qual fôr o corpo em que estiver funcionando; e do mesmo modo como o carro, o navio e o avião variam na qualidade do material e na sua construção, segundo o elemento a que são des- tinados, assim também cada corpo varia segundo o meio onde deve agir.” ( Besant - O homem e seus corpos )

“Temos uma linha energética que vai pela frente do corpo, que os chineses chama “meridiano da concepção” e uma linha energética que vai para trás do corpo que os chineses chamam “meridiano do controle” e, ainda uma linha que vai exatamente pelo centro do corpo, que em geral, chamam de muitas maneiras: Avaduti, Uma, ou Shushumna ou mais simplesmente “canal central”. Uma quer dizer “não dual”. Por isso, Robert Turman pôs o nome da filha de Uma Turman.”( Stolkner - Abrindo-se aos mistérios do Corpo )

É comum hoje que as pessoas falem sobre o fato da matéria ser uma contra-parte da energia, depois da bomba atômica, quando essa conversão tornou-se possível ( mesmo que em sua forma mais grosseira e estúpida ) mais uma vez nos recusamos a unir os pontos. Nós somos um agregado de energia extremamente organizado e adensado, mantendo-se em movimento e mudanças constantes. Entretanto ninguém está interessado em saber que energia é essa ou como esta se corporifica, para nós basta estar aqui. Como Pope criticou há séculos são ainda os homens de hoje para quem “Whatever IS, is RIGHT.” apenas a maioria acredita nisso alguns bravos continuaram a pesquisar que seria isso, que energia é esta e como esta comporta-se em relação as coisas. Felizmente esse material pode ser escrito e distribuído hoje em dia. Esta disciplina da psicologia, a orgonomia. Foi proibida nos Estados Unidos e teve a última grande censura da democracia quando milhares de exemplares dos livros de Wilhelm Reich foram queimados. O que aconteceu foi que Reich chegou cientificamente ao princípio da vida. O que aconteceu foi que ele descobriu que o que Freud tratava como um conceito científico: a libido. É de fato uma energia real, palpável e sagrada. Orgone é a energia da vida. É o elo – ou padrão - que liga todas as coisas

(http://www.panaceauniversity.org/christoph%20keller%20cloudbuster%20project.pdf).

Sempre alguém além de mim presidindo minhas experiencias espirituais, meus contatos com Deus e com o Oculto devem acontecer em frente ao ministro, e isso vai matar sua auto-estima. Religião, religare, religar, mas eu não sou forte o suficiente, eu preciso do Padre, do Papa. Eu esqueço de Deus. Na minha opinião, existe tanta propaganda contra os indígenas, os macumbeiros, os Outros. Por que o contato com Deus e com o Oculto podem ser fáceis, podem não precisar dos enormes salões, fábricas de fiéis. Em “O Segundo Círculo do Poder” Carlos Castañeda nos fala do quanto foi chamado de burro pela Bruja Gorda. Ela queria dizer que ele categorizava tanto que deixava de perceber a realidade. O homem de conhecimento de Castañeda, assim como o construtor do Corpo Sem Orgãos de Guatari e Deleuze, querem corpos e não organismos. A forma como nós nos tratamos e nos compreendemos – essa coisa esquartejada – quando atribuímos sensações e percepções a partes específicas do corpo. “Minha coluna está me matando” é uma versão reducionista-mecanicista de “Estou mantendo uma postura insustentável e meu corpo me está avisando disso através da dor que sinto na área mais afetada por esta postura.” Da mesma forma quando dizemos “O mal do mundo é o dinheiro.” estamos aplicando a mesma forma de estratificação irresponsável. Essa frase em uma versão holística ficaria algo como “ O nosso mundo esta sendo afetado pelo excesso de exigências contraditórias, de um lado nos dizem que o trabalho é a maior virtude do homem, e do outro que para sermos felizes devemos consumir, mesmo que isso ultrapasse nossa capacidade de produzir. O que no melhor dos casos gera um ciclo de escassez progressiva. Não nos importa o valor que geramos, ou o que valoramos, sim o que parecem ser os valores da maioria. O mal do mundo é a perda do compromisso conosco mesmos.”

Quando unimos isso à um grupo de experiencias de outro grande sábio-cientista (este eclipsado com a classe inglesa) Sir Jagardis Chandra Bose: “Certa manhã, quando Sir Michel Foster, secretário da Real Sociedade, foi ao laboratório para se inteirar do que acontecia e Bose lhe mostrou algumas de suas evidências, o tarimbado veterano de Cambridge exclamou ironicamente: “Que novidade há nessa curva, meu caro Bose? Há pelo menos meio século que a conhecemos!” “Que lhe parece ser ela?”, perguntou Bose sem alarde. “Ora essa, uma curva de resposta muscular.”, respondeu Foster irritado. Encarando o professor com seus profundos olhos castanhos, Bose falou então com firmeza: “ Não me leve a mal, mas na verdade trata-se de uma resposta de estanho!” Foster levou um susto. “O que!?”, exclamou de um salto. “Estanho? Foi realmente estanho que você disse?” A perplexidade de Foster tornou-se ainda maior quando Bose lhe mostrou todos os seus resultados. Na mesma hora, convidou-o para falar de suas descobertas em outra reunião solene da Real Instituição e ofereceu-se para pessoalmente comunicar seu estudo à Real Sociedade, a fim de garantir-lhe prioridade. Na reunião de 10 de maio de 1901, Bose historiou metodicamente os resultados obtidos em mais de quatro anos e demonstrou cada um deles com uma série pormenorizada de experiências, concluindo com a seguinte peroração: Tive a oportunidade de lhes mostrar nesta noite registros autográficos da história da tensão e do esforço no vivo e no não-vivo. Como são semelhantes os traços! Tão semelhantes, de fato, que é inútil tentar fazer distinção entre eles. Lidando com tais fenômenos, como traçarmos uma linha de demarcação dizer aqui termina o físico e além começa o fisiológico? Não, não existem as barreiras absolutas. Foi quando me deparei com o mudo testemunho desses registros autônomos e neles percebi uma fase da unidade abrangente que sustenta em seu âmago todas as coisas – as partículas que dançam sob um raio de luz, a vida fecunda que reveste o planeta, os sóis radiantes que brilham sobre nós - , foi então que pela primeira vez compreendi um pouco da mensagem proclamada por meus antepassados às margens do Ganges há trinta séculos: “Àqueles que na mutação incessante do universo vêem apenas uma coisa, e só a eles, só a eles, pertence a Verdade Eterna”.”

Fazem mais de cem anos. É o tipo de informação que tem implicações notórias para qualquer leitor, mas só muito poucos tem acesso a essa informação e mesmo em 2013, dizem que é doidice. Estamos nisso para ignorar e é isso que seguimos fazendo. Seguimos separando, estratificando e creditando funções a estas partes sempre isoladamente. Na escola tudo acontece no vácuo, ou em condições ideais de temperatura e pressão. Tudo acontece quebrado em um lugar impossível. E é assim que nosso cérebro passa a funcionar. Ele responde a partes, talvez por isso nós sejamos sempre parciais. Um dos espetáculos mais horrendos e comuns da vida moderna é ver uma pessoa dando um sorriso por estar advogando algo que vai contra a lógica da realidade, mas que ela quer muito que seja verdade. Estas pessoas perderam o contato com a realidade. O que é fácil em nossa sociedade absurda. Todo mundo diz que não se deve acreditar em tudo o que se vê na televisão, mas ainda assim 80% das recomendações que se faz, ou das menções que se faz a certo assunto vem acompanhados de algo visto na televisão. Vou dizer o que tenho visto na televisão, uma propaganda assustadora me mostrando como temos que diminuir a maioridade penal, e sobre como a inflação está absurda. Se eu estivesse assistindo televisão da forma como se deveria, eu me questionaria sobre PORQUE a televisão me diz essas coisas. E rapidamente eu chegaria a quem lucra com gente presa e quem lucra com o aumento dos juros(que supostamente seguraria a inflação.). Voltamos ao querido Paulo Freire, seria ingenuidade acreditar que as pessoas que estão no poder deixariam que as pessoas que não estamos tivéssemos uma educação de qualidade suficiente para percebermos os seus desmandes. Quem vive em uma sociedade diferente da nossa, precisa morrer, por que nos faria perceber o que somos.

“Jean-Marie Simon soube na Guatemala. Aconteceu no final de 1983, numa aldeia chamada Tabil, no sul de Quichê. Os militares vinham em sua campanha de aniquilamento das comunidades indígenas. Tinham apagado do mapa quatrocentas aldeias em menos de três anos. Queimavam plantações, matavam índios: queimavam até a raiz, matavam até as crianças. Vamos deixá-los sem nenhuma semente, anunciava o coronel Horacio Maldonado Shadd. E assim chegaram, na tarde de certo dia, na aldeia de Tabil. Vinham arrastando cinco prisioneiros, amarrados pelos pés e pelas mãos e desfigurados pelos golpes. Os cinco eram da aldeia, nascidos ali, vividos ali, ali multiplicados, mas o oficial disse que eram cubanos inimigos da pátria: a comunidade devia resolver que castigo mereciam, e executar o castigo. No caso de resolverem fuzilá-los, deixava as armas carregadas. E disse que lhes dava prazo até o meio-dia do dia seguinte. Em assembléia, os índios discutiram: — Esses homens são nossos irmãos. Esses homens são inocentes. Senão os matarmos os soldados nos matam. Passaram a noite inteira discutindo. Os prisioneiros, no centro da reunião, escutavam. Chegou o amanhecer e todos estavam como no começo. Não tinham chegado a nenhuma decisão e sentiam-se cada vez mais confusos. Então pediram ajuda aos deuses: aos deuses maias, e ao deus dos cristãos. Esperaram em vão pela resposta. Nenhum deus disse nada. Todos os deuses estavam mudos. Enquanto isso, os soldados esperavam, numa colina vizinha. As pessoas de Tabil viam como o sol ia se erguendo, implacável, na direção do alto céu. Os prisioneiros, em pé, calavam. Pouco antes do meio-dia, os soldados escutaram os tiros.” ( Eduardo Galeano - Livro dos Abraços)

Óbvio também é que você tem que criar um clima favorável. Existem duas coisas que não mudaram nos últimos 500 anos. As escolas e as igrejas. Estas duas instituições em minha humilde opinião foi que deram início a industrialização. Foram as primeiras indústrias, produzindo o que ? Você me pergunta. Monstros. Por que monstros ? Para rir. Como disse sabiamente nosso querido Victor Hugo, no trecho que dá inicio ao artigo The Compracchicos de Ayn Rand. Lá ele explica os processos empregados na antiguidade chinesa, e europeia na produção de monstros. Eles roubavam as crianças e as tornavam monstros como na máxima jesuíta, mas suas técnicas eram para deformar o exterior. Com o passar dos anos criar monstros por meio de cirurgias exteriores ficou mais e mais malvisto, claro que isso não os parou ainda há quem aprecie e pratique esses atos hediondos. Mas nós vamos acompanhar seus herdeiros, os que praticam sua arte sem nunca, ou quase nunca, tocar um dedo em suas vítimas indefesas. Os que deformam a mente por meio da mente. Estas palavras foram escritas quase da mesma maneira, frente a um sentimento mútuo de que há algo bastante errado, por Rand no século passado, por Peter Lamborn Wilson mais a frente, e o sentimento se mantem. O próprio tomar conhecimento do processo educacional, em uma palavra: o educar-se, nos coloca em uma posição coercitiva. Ou abandonamos os valores elevados por esta educação e fingimos que nada está acontecendo, ou estamos em uma luta, tácita ou explícita, pela qualidade destes sistemas. O compromisso com a vida implica lutar por ela, mas hoje esta não é uma luta física, não é a luta que acontece apenas nas ruas. É uma guerra por toda e cada mente humana. Como Mircea Eliade disse em uma sua magnifica entrevista “A prova do labirinto” quando questionado sobre sua ausência no ativismo político de seu país. Respondeu simplesmente que considerava-se tanto ou mais ativista – em sua máquina de escrever - que os que iam as ruas e acabavam nas prisões. Esta espécie semi-extinta, o homem pensante. Deve lutar pelo pensamento do outro, deve despertar seu senso crítico, mas isso é apenas a superfície.

A pauta verdadeira do ativista intelectual é iluminar em cada um sua própria busca. Árdua tarefa, a maioria não acredita estar em busca de qualquer coisa além “do seu, e dos seus” esta é a parte mais perigosa da doutrinação que recebemos via sistemas educacionais e religiosos ( nos casos que seguem o formato um ministro para uma congregação ) a hiper-simplificação vista aqui, nos coloca no primeiro ponto exposto neste texto, nos tornamos recursos humanos, nos colocamos em uma posição limitante como uma camisa de força, e nessas condições a merecemos. Quando recebemos ordens passivamente e as acatamos mecanicamente é que fazemos o “jogo deles”.

Reclamar três mil palavras também é fazer o jogo deles. Então, vamos propor soluções. A solução foi gritada muitas vezes. Faça você mesmo. Eles só vendem guarda-roupas de papelão nas multilojas, Jesus era marceneiro. Mas hoje ser marceneiro é simplesmente insuficiente. Nós chegamos a um ponto onde grande parte do que comemos é controlado, de maneira a nos afastar de nosso potencial. A mudança geral é necessária, mas se dará de maneira razoavelmente natural. Já há comunidades no mundo inteiro onde se produz comida verdadeiramente orgânica e em algumas mais remotas e desacreditadas onde medita-se junto às plantas e as contemplam com suas energias e recebem-nas de volta com a honra que mereceriam os nossos bois industrialmente abatidos. Em defesa dos aficcionados como Hemingway; vou em defesa das touradas, ali os bois lutam. E há uma enorme festa, onde come-se todo o touro. Não o nosso boi capado e pusilânime. Um touro com fragor no sangue. E acredite isso faz toda a diferença, se você não estiver olhando da maneira parcial como nos acostumamos. Não existe luta contra um pistão de metal na nuca.

Nós precisamos conhecer. Um dos livros que marcaram minha vida foi “O zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas” ele cita um manual de instruções para montagem de bicicletas que começa com uma assertiva que nos coloca no ponto exato. “Para montar a bicicleta é necessária paz de espírito.” Esta frase resume com perfeição o ponto onde quero chegar. E onde o autor desta obra maravilhosa chegou. A paz de espírito só é possível na realização de qualquer ação, quanto estamos preparados para esta ação. Quando conhecemos a nós mesmos e mesmo que não conheçamos todos os aspectos do problema ou situação em que nos achamos. Temos condições de encará-las, com tudo o que se põe a disposição. Por estarmos ligados a realidade, como no caso da bicicleta munidos de seu manual de instruções, que mesmo impreciso e cheio de esquemas complexos, supõe ajuda no problema.

Vendo a forma como foi exposta aqui, o que nos resta? Nós usamos tecnologias estrangeiras e todos sabem, são espiãs. Cada uma delas. Nós a podemos utilizar. Mas o que incomoda de fato é que nós temos capacidade de gerar tal tecnologia. Nossos técnicos, estão inertes em um ciclo vicioso de conhecer e criticar as tecnologias. Recitar a forma e criticar a arquitetura de tais tecnologias. Nosso dever e criar os nossos. Por aqui já saíram da zona de conforto tá saindo drones brazucas. Mas é pouco, nós temos de correr atrás da base. Precisamos de uma rede autóctone assim como hardware próprio, para o nosso software que já é o melhor do mundo. Vamos seguir fazendo criar é o motivo mais plausível que conheço para Deus nos ter criado. E Ele é o único para quem vale a pena fazer com perfeição. E quando percebermos que Ele é isso tudo, a nossa evolução, nossa revolução, Nós. Nunca saiu de nossas mãos, mas que muitos de nós estamos esperando por algo que não irá ocorrer. Não será uma grande revolução nas ruas, é uma grande revolução mental. Quando os que trabalham para a destruição do mundo e a escravização das pessoas, perceberem não haverá mais ninguém sob seus chicotes. Sejam chicotes bancários, espirituais, mentais... Logo eles estarão chicoteando o vento, ou uns aos outros. O que considero o mais provável, mas não me importa.

“Após uma época de decadência vem o ponto de transição. A luz poderosa que tinha sido banida retorna. Porém este movimento não é provocado pela força. (...) o movimento é natural e surge espontaneamente. Por isso, a transformação do antigo torna-se fácil. O velho é descartado e o novo, introduzido. Ambos os movimentos estão de acordo com as exigências do tempo e, portanto, não causam prejuízos. Formam-se associações de pessoas que têm os mesmos ideais. Como tal grupo se une em público e está em harmonia com o tempo, os propósitos particulares e egoístas estão ausentes, e assim erros são evitados. A idéia de retorno baseia-se no curso da natureza. O movimento é cíclico e o caminho se completa em si mesmo. Por isso não é necessário precipitá-lo artificialmente. Tudo vem de modo espontâneo e no tempo devido. Esse é o sentido do céu e da terra.” (Wilhelm - I ching )

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Olhando teus olhos.

Tenho acordado com a imagem de seus olhos em minha mente. A imagem dos seus olhos – como a luz do sol que rasga as nuvens e vem banhar de dourado o solo – rasgando a espessa camada de alegrias, esperanças, medo e memórias. Infinitos olhos dourados que lembram a infinitude do amor, e a vastidão de nossa ignorância. Quando por teus olhos ao amanhecer essa ignorância, fingida de alegrias esperanças medos memórias, desaparece...Como se algum dia por uma escolha infeliz de palavras (mais especificamente by saying something stupid like i love you) eu tenha maculado a simplicidade de te querer ao mesmo tempo em que você me queria.

Tenho acordado com seus olhos ocupando toda a vastidão de minha mente. Tenho acordado e descoberto que amores não partem. Tenho acordado e visto que meu amor por ti me faz bem, mesmo quando você não quer estar comigo. Tenho percebido que quando a ternura infinita dos teus olhos não pode curar a vaziez de tua ausência, o apagado sol do céu me preenche com uma completude absoluta. Tenho percebido que gostaria de partilhar contigo este sentir-me completo.

Tenho acordado com a clara ciência de sua presença. Penso se nos encaramos durante a noite. Como quando eu deitava em teu claro colo, onde a angústia não calava, mas a alma descansa. Clarões às vezes ardem em minha pele, toques antigos dos teus dedos por meus pelos. Luzes evanescendo de tua perda. Perda de juízo, tolos algozes.

Tenho sonhado com as noites velozes, em que nos buscávamos na metrópole que fingia-se funda como teus olhos. Nunca imaginaria quão pequena é minha enorme cidade natal. Não nos vimos e não nos fez mal. Mal sabíamos; acordaríamos lado a lado. E eu fitaria teus olhos fechados. E lutaria, na certeza da derrota, contra a vontade de acariciar seu corpo adormecido.

Tenho sentido que por algum motivo desconhecido, levantas as barras de suas saias para atravessar o inferno. Uma falta de juízo, quando as poderia levantar para voltarmos ao paraíso.