domingo, 14 de dezembro de 2008

O DISCURSO DO DINHEIRO

POR AYN RAND

— Então o senhor acha que o dinheiro é a origem de todo o mal? O senhor já se perguntou qual é a origem do dinheiro? O dinheiro é um instrumento de troca, que só pode existir quando há bens produzidos e homens capazes de produzi-los. O dinheiro é a forma material do princípio de que os homens que querem negociar uns com os outros precisam trocar um valor por outro. O dinheiro não é o instrumento dos pidões, que pedem produtos por meio de lágrimas, nem dos saqueadores, que os levam à força. O dinheiro só se torna possível através dos homens que produzem. É isto que o senhor considera mau Quem aceita dinheiro como pagamento por seu esforço só o faz por saber que ele será trocado pelo produto de esforço de outrem. Não são os pidões nem os saqueadores que dão ao dinheiro o seu valor. Nem um oceano de lágrimas nem todas as armas do mundo podem transformar aqueles pedaços de papel no seu bolso no pão de que você precisa para sobreviver. Aqueles pedaços de papel, que deveriam ser ouro, são penhores de honra; por meio deles você se apropria da energia dos homens que produzem. A sua carteira afirma a esperança de que em algum lugar no mundo a seu redor existem homens que não traem aquele princípio moral que é a origem da produção? Olhe para um gerador de eletricidade e ouse dizer que ele foi criado pelo esforço muscular de criaturas irracionais. Tente plantar um grão de trigo sem os conhecimentos que lhe foram legados pelos homens que foram os primeiros a plantar trigo. Tente obter alimentos usando apenas movimentos físicos, e descobrirá que a mente do homem é a origem de todos os produtos e de toda a riqueza que já houve na terra.
Mas o senhor diz que o dinheiro é feito pelos fortes em detrimento dos fracos? A que força o senhor se refere? Não é à força das armas nem dos músculos. A riqueza é produto da capacidade humana de pensar. Então o dinheiro é feito pelo homem que inventa um motor em detrimento daquele que não o inventaram? O dinheiro é feito pela inteligência em detrimento dos estúpidos? Pelos capazes em detrimento dos incompetentes? Pelos ambiciosos em detrimento dos preguiçosos? O dinheiro é feito – antes de poder ser embolsado pelos pidões e os saqueadores – pelo esforço honesto de todo homem honesto, cada um na medida de sua capacidade. O homem honesto é aquele que sabe que não pode consumir mais do que produz. Comerciar por meio do dinheiro é o código dos homens de boa vontade. O dinheiro baseia-se no axioma de que todo homem é proprietário de sua mente e de seu trabalho. O dinheiro não permite que nenhum poder prescreva o valor do seu trabalho, senão a escolha voluntária do homem que está disposto a trocar com você o trabalho dele. O dinheiro permite que você obtenha em troca dos seus produtos e do seu trabalho aquilo que esses produtos e esse trabalho valem para os homens que os adquirem, e nada mais que isso. O dinheiro só permite os negócios em que há benefício mútuo segundo o juízo das partes voluntárias.
O dinheiro exige o reconhecimento de que os homens precisam trabalhar em benefício próprio, e não em detrimento de si próprio; para lucrar, não para perder; de que os homens não são bestas de carga, que não nascem para arcar com o ônus da miséria; de que é preciso oferecer-lhes valores, não dores; de que o vínculo comum entre os homens não é a troca de sofrimento, mas a troca de bens. O dinheiro exige que o senhor venda não a sua fraqueza à estupidez humana, mas o seu talento à razão humana; exige que o senhor compre não o pior que os outros oferecem, mas o melhor que o seu dinheiro pode comprar. E, quando os homens vivem do comércio – com a razão e não à força, como árbitro irrecorrível –, é o melhor produto que sai vencendo, o melhor desempenho, o homem de melhor juízo e maior capacidade – e o grau da produtividade de um homem é o grau de sua recompensa. Este é o código da existência cujo instrumento e símbolo é o dinheiro. É isto que o senhor considera mau?
Mas o dinheiro é só um instrumento. Ele pode levá-lo aonde o senhor quiser, mas não pode substituir o motorista do carro. Ele lhe dá meios de satisfazer seus desejos, mas não lhe cria desejos. O dinheiro é o flagelo dos homens que tentam inverter a lei da causalidade – os homens que tentam substituir a mente pelo seqüestro dos produtos da mente. O dinheiro não compra felicidade para o homem que não sabe o que quer; não lhe dá um código de valores se ele não tem conhecimento a respeito de valores, e não lhe dá um objetivo, se ele não escolhe uma meta. O dinheiro não compra inteligência para o estúpido, nem admiração para o covarde, nem respeito para o incompetente. O homem que tenta comprar o cérebro de quem lhe é superior para servi-lo, usando dinheiro para substituir seu juízo, termina vítima dos que lhe são inferiores. Os homens inteligentes o abandonam, mas os trapaceiros e vigaristas correm a ele, atraídos por uma lei que ele não descobriu: o homem não pode ser menor do que o dinheiro que ele possui. É por isso que o senhor considera o dinheiro mau? Só o homem que não precisa da fortuna herdada merece herdá-la – aquele que faria sua fortuna de qualquer modo, mesmo sem herança. Se um herdeiro está à altura de sua herança, ela o serve; caso contrário, ela o destrói. Mas o senhor diz que o dinheiro corrompeu. Foi mesmo? Ou foi ele que corrompeu seu dinheiro? Não inveje um herdeiro que não vale nada; a riqueza dele não é sua, e o senhor não teria tirado melhor proveito dela. Não pense que ela deveria ser distribuída; criar cinqüenta parasitas em lugar de um só não reaviva a virtude morta que criou a fortuna.
O dinheiro é um poder vivo que morre quando se afasta de sua origem. O dinheiro não serve à mente que não está a sua altura. É por isso que o senhor o considera mau? O dinheiro é o seu meio de sobrevivência. O veredicto que o senhor dá à fonte de seu sustento é o veredicto que o senhor dá à sua própria vida. Se a fonte é corrupta, o senhor condena a sua própria existência. O seu dinheiro provém da fraude? Da exploração dos vícios e da estupidez humana? O senhor o obteve servindo aos insensatos, na esperança de que eles lhe dessem mais do que sua capacidade merece? Baixando seus padrões de exigência? Fazendo um trabalho que o senhor despreza para compradores que o senhor não respeita? Neste caso, o seu dinheiro não lhe dará um momento sequer de felicidade. Todas as coisas que o senhor adquirir serão não um tributo ao senhor, mas uma acusação; não uma realização, mas um momento de vergonha. Então o senhor dirá que o dinheiro é mau. Mau porque ele não substitui seu amor-próprio? Mau porque ele não permite que o senhor aproveite e goze sua depravação? É este o motivo de seu ódio ao dinheiro? O dinheiro será sempre um efeito, e nada jamais o substituirá na posição de causa. O dinheiro é produto da virtude, mas não dá virtude nem redime vícios. O dinheiro não lhe dá o que o senhor não merece, nem em termos materiais nem em termos espirituais. É este o motivo de seu ódio ao dinheiro? Ou será que o senhor disse que é o amor ao dinheiro que é a origem de todo o mal?
Amar uma coisa é conhecer e amar a sua natureza. Amar o dinheiro é conhecer e amar o fato de que o dinheiro é criado pela melhor força que há dentro do senhor, a sua chave-mestra que lhe permite trocar o seu esforço pelo esforço dos melhores homens que há. O homem que venderia a própria alma por um tostão é o que mais alto brada que odeia o dinheiro – e ele tem bons motivos para odiá-lo. Os que amam o dinheiro estão dispostos a trabalhar para ganhá-lo. Eles sabem que são capazes de merecê-lo. Eis uma boa pista para saber o caráter dos homens: aquele que amaldiçoa o dinheiro o obtém de modo desonroso; aquele que o respeita o ganha honestamente. Fuja do homem que diz que o dinheiro é mau. Essa afirmativa é o estigma que identifica o saqueador, assim como o sino indicava o leproso. Enquanto os homens viverem juntos na terra e precisarem de um meio para negociar, se abandonarem o dinheiro, o único substituto que encontrarão será o cano do fuzil. Mas o dinheiro exige do senhor as mais elevadas virtudes, se o senhor quer ganhá-lo ou conservá-lo.
Os homens que não têm coragem, orgulho nem amor-próprio, que não têm convicção moral de que merecem o dinheiro que têm e não estão dispostos a defendê-lo como defendem suas próprias vidas, os homens que pedem desculpas por serem ricos – esses não vão permanecer ricos por muito tempo. São presa fácil para os enxames de saqueadores que vivem debaixo das pedras durante séculos, mas que saem do esconderijo assim que farejam um homem que pede perdão pelo crime de possuir riquezas. Rapidamente eles vão livrá-lo dessa culpa – bem como de sua própria vida, que é o que ele merece. Então o senhor verá a ascensão dos homens que vivem uma vida dupla – que vivem da força, mas dependem dos que vivem do comércio para criar o valor do dinheiro que eles saqueiam. Esses homens vivem pegando carona com a virtude. Numa sociedade onde há moral eles são os criminosos, e as leis são feitas para proteger os cidadãos contra eles. Mas quando uma sociedade cria uma categoria de criminosos legítimos e saqueadores legais – homens que usam a força para se apossar da riqueza de vítimas desarmadas – então o dinheiro se transforma no vingador daqueles que o criaram. Tais saqueadores acham que não há perigo em roubar homens indefesos, depois que aprovam uma lei que os desarme. Mas o produto de seu saque acaba atraindo outros saqueadores, que os saqueiam como eles fizeram com os homens desarmados. E assim a coisa continua, vencendo sempre não o que produz mais, mas aquele que é mais implacável em sua brutalidade. Quando o padrão é a força, o assassino vence o batedor de carteiras. E então esta sociedade desaparece, em meio a ruínas e matanças.
Quer saber se este dia se aproxima? Observe o dinheiro. O dinheiro é o barômetro da virtude de uma sociedade. Quando há comércio não por consentimento, mas por compulsão – quando para produzir é necessário pedir permissão a homens que nada produzem – quando o dinheiro flui para aqueles que não vendem produtos, mas influencia – quando os homens enriquecem mais pelo suborno e favores do que pelo trabalho, e as leis não protegem quem produz de quem rouba, mas quem rouba de quem produz – quando a corrupção é recompensada e a honestidade vira um sacrifício – pode ter certeza de que a sociedade está condenada. O dinheiro é um meio de troca tão nobre que não entra em competição com as armas e não faz concessões à brutalidade. Ele não permite que um país sobreviva se metade é propriedade, metade é produto de saques. Sempre que surgem destruidores, a primeira coisa que eles destroem é o dinheiro, pois os dinheiro protege os homens e constitui a base da existência moral. Os destruidores se apossam do ouro e deixam em troca uma pilha de papel falso. Isto destrói todos os padrões objetivos e põe os homens nas mãos de um determinador arbitrário de valores. O dinheiro era um valor objetivo, equivalente à riqueza produzida. O papel é uma hipoteca sobre riquezas inexistentes, sustentado por uma arma apontada para aqueles que têm de produzi-las. O papel é um cheque emitido por saqueadores legais sobre uma conta que não é deles: a virtude de suas vítimas. Cuidado que um dia o cheque é devolvido, com o carimbo: ‘sem fundos’. Se o senhor faz do mal o meio de sobrevivência, não é de se esperar que os homens permaneçam bons. Não é de se esperar que eles continuem a seguir a moral e sacrifiquem suas vidas para proveito dos imorais. Não é de se esperar que eles produzam, quando a produção é punida e o saque é recompensado. Não pergunte quem está destruindo o mundo: é o senhor. O senhor vive no meio das maiores realizações da civilização mais produtiva do mundo e não sabe por que ela está ruindo a olhos vistos, enquanto o senhor amaldiçoa o sangue que corre pelas veias dela – o dinheiro. O senhor encara o dinheiro como os selvagens o faziam, e não sabe por que a selva está brotando nos arredores das cidades. Em toda a história, o dinheiro sempre foi roubado por saqueadores de diversos tipos, com nomes diferentes, mas cujo método sempre foi o mesmo: tomar o dinheiro à força e manter os produtores de mãos atadas, rebaixados, difamados, desonrados. Esta afirmativa de que o dinheiro é a origem do mal, que o senhor pronuncia com tanta convicção, vem do tempo em que a riqueza era produto do trabalho escravo – e os escravos repetiam os movimentos que foram descobertos pela inteligência de alguém e durante séculos não foram aperfeiçoados.
Enquanto a produção era governada pela força, e a riqueza era obtida pela conquista, não havia muito que conquistar. No entanto, no decorrer de séculos de estagnação e fome, os homens exaltavam os saqueadores, como aristocratas da espada, aristocratas de estirpe, aristocratas da tribuna, e desprezavam os produtores, como escravos, mercadores, lojistas – industriais. Para a glória da humanidade, houve, pela primeira e única vez na história, uma nação de dinheiro – e não conheço elogio maior aos Estados Unidos do que esse, pois ele significa um país de razão, justiça, liberdade, produção, realização. Pela primeira vez, a mente humana e o dinheiro foram libertados, e não havia fortunas adquiridas pela conquista, mas só pelo trabalho, e ao invés de homens da espada e escravos, surgiu o verdadeiro criador da riqueza, o maior trabalhador, o tipo mais elevado de ser humano – o self-made man – o industrial americano. Se me perguntarem qual a maior distinção dos americanos, eu escolheria – porque ela contém todas as outras – o fato de que foram os americanos que criaram a expressão “fazer dinheiro”. Nenhuma outra língua, nenhum outro povo jamais usara estas palavras antes, e sim “ganhar dinheiro”; antes, os homens sempre encaravam a riqueza como uma quantidade estática, a ser tomada, pedida, herdada, repartida, saqueada ou obtida como favor. Os americanos foram os primeiros a compreender que a riqueza tem que ser criada. A expressão ‘fazer dinheiro’ resume a essência da moralidade humana. Porém foi justamente por causa desta expressão que os americanos eram criticados pelas culturas apodrecidas dos continentes de saqueadores.
O ideário dos saqueadores fez com que pessoas como o senhor passassem a encarar suas maiores realizações como um estigma vergonhoso, sua prosperidade como culpa, seus maiores filhos, os industriais, como vilões, suas magníficas fábricas como produto e propriedade do trabalho muscular, o trabalho de escravos movidos a açoites, como na construção das pirâmides do Egito. As mentes apodrecidas que dizem não ver diferença entre o poder do dólar e o poder do açoite merecem aprender a diferença na sua própria pele, que, creio eu, é o que vai acabar acontecendo. Enquanto pessoas como o senhor não descobrirem que o dinheiro é a origem de todo bem, estarão caminhando para sua própria destruição. Quando o dinheiro deixa de ser o instrumento por meio do qual os homens lidam uns com os outros, os homens se tornam os instrumentos dos homens. Sangue, açoites, armas – ou dólares. Façam sua escolha – não há outra opção – e o tempo está esgotando.

(Meu coração vem na boca! A-D-O-R-O!)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Onírica

E meus olhos abriram-se acordando onde deveriam acordar.
As paredes aúreas, os mosaicos no solo, como sempre e como nunca.
A porta da casa desemboca em um mar de escamas alaranjadas.
Onde todas as mentiras faziam-se chagas sobre a pele de todos.
Em meio a paisagem dourada as almas puras regurgitavam plástico azul.
E as jovens esquartejadas chamavam-me ao sexo, junto ao acordar calmo da melancolia
Que vinha me seguindo num arrastar esquálido, lambendo meu pescoço com sua língua pálida.
Com meu choro veio o corar do ar melancólico.
Assistia-a ascender como um dragão de escamas alaranjadas de ferrugem.
Enquanto meus pés me empurravam para dentro do labirinto bizantino de paredes de ouro.
E minhas pernas infladas de ácido lático, imersas em sucos gástricos.
Corriam como um guepardo de pelos de cristal.
Pelas vias estreitas meus ombros debatiam-se contra quinas de metal dourado poroso.
Sentia o cheiro acre da bile que escorria acumulando-se no chão escorregadio.
E a voz em meio tom repetia como um mantra védico em meus ouvidos:
- Meu nome é Deus, e eu te odeio!
E saindo de minha forma felina, derrubando as paredes gástricas do destino.
Sentindo o vibrar de minhas pernas, e da voz que me seguia, parei num suspiro profundo.
Seguido do riso. E os olhos igneos do dragão enferrujado já queimavam minha pele.
Quando fez a gargalhada. E minha boca disse como um espasmo: Eu sou a estupidez que te ama.
Foi quando os olhos arredondaram-se e o medo fez em flama.
E então abri os olhos e o mundo em volta sorria como um canastrão.
Senti o cheiro dos corredores. E com bafo de noite maldormida.
Bradei ao dragão que me queima: Sou o espírito humano, o espírito estúpido. Faço do teu ódio amor. E de minha vida uma gota no teus oceanos.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

De minhas certezas incertas

Há uma porção de coisas certas nessa vida, há também quem diga que não.
Mas eu estou pleno de que virá um clarão do leste, e o sol nos iluminará por aproximadamente doze horas. Depois virá a lua e nos banhará por outras doze, depois vamos nos dar conta que isso não importa. É quase certo que isso se dê aproximadamente vinte uma mil vezes. Depois de algumas delas descobriremos que assim como não importa o que acontece com nosso herói. Não importa muito quantas vezes acontecerá, quantos dias viveremos... Importa o que é feito de cada um deles. Assim como nossa consciência inconsciente de nossos átomos, assim como a inconsciência consciente do cosmos para conosco.

É certo também que dentro desse aglomerado, que finge o caos, haverão milhões de consciências, milhões de memórias. Há algo certo sobre nossas memórias também. Rememoraremos cada derrota, das vitórias ficarão apenas as que trouxerem o tempero do medo. E isso pouco importa também, pois memórias são só caricaturas do passado. Pois mais certo que tudo isso, é que o passado é só uma prisão, e o futuro apenas uma incerteza.

E voltamos para nosso sol nascente. Nosso dia, e nosso dia-a-dia. O que é feito dele, o que é construído nele, o que é destruído nele. O que é. Certo também como disse Kerouac que ‘’A mente é o Criador, sem razão nenhuma, por toda esta criação, criada para ruir’’. E mais certo que isso é que a única coisa mais bonita que a criação de uma mente, é sua ruína, o sabor que o cosmos dá a tudo que dele faz parte. Como um whiskey num potstill, como um queijo putrefato, como um beijo dormido, um livro amarelado, como as paredes derruídas, como o olhar calmo numa varanda de fim-de-vida.

Depois de um tempo descobrimos que vivemos dentro de um potstill, descobrimos que o cosmos só é sarcástico com quem entenderá suas piadas. Que virar a outra face não significa simplesmente esperar por outro tapa, mas ter a coragem de levantar a cabeça depois de cada golpe, que a honra não está na vitória, por que na verdade não é uma luta. É uma questão de mero controle, que os corcéis de nosso espírito, assim como os que podem um dia estar entre nossas pernas, são mais fortes que nós. Temos de domá-los, que não é sobre coerção é sobre coordenação. Que o solo não existe sem a música, e que as vezes ela fica mesmo sem graça sem ele.

É certo que não existe um sentido na vida, além do que se vê. Ela não para, é um carro sem freios. E é onde entra a escolha, podemos fechar os olhos esperar o choque, ou abri-los bem, e chegar onde a estrada nos levar, o mais engraçado é que não, isso também não importa. Por que passado o susto são só as paisagens, as músicas no rádio, as não-palavras na cabeça.

Mais certo que tudo isso é que somos só um pedacinho muito pequeno do todo, e que isso é tão ínfimo quanto nós perante esse todo. Pois nossa existência reside em nossas mentes, e nossos peitos. E que as vezes nosso peito controla nossa mente rumo a criação, mas é mais importante que nossa mente controle o peito, pois este nunca perde sua pureza e pouco desse mundo é puro.

E isso tudo não importa se não lembrarmos que as vezes vale a pena perder a cabeça, mas nunca o coração.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Quero

Quero, querer...
Quero mais um vicio, uma cama
Quero um hospicio, uma Chama
Eu quero(...)menos a mais...

(...)Aah!

Quero uma desgraça, uma ameaça, fumaça
Explosão, caos, desunião, formol, lençol, colchão, chão!
Quero nulidade, imaturidade, infestação
indiferença, descrença, desilusão, disparate
despertar, desalento, desatenção, disperção

Quero meu veneno, tudo mais quero...
Quero nada de "tudo de bom"!
Quero errar o tom, calar o som...
Quero música dissonante, quero mundo distante!

Quero ver padecer o sol...
Quero ver ruir a luz da lua...
Quero o frio de cada rua.
Quero tomar o mal, tragar o fel

Quero estar mais longe do céu
Quero estar mais perto da dor
Quero rasgar a chaga-mor
Quero usura, pecado, Morrer ao leo

Quero ser menos de mim
Quero ser longe, não ser assim
Quero o fio, de cobre, ou navalha...


Quero a honra, - negra Mortalha!-,

Quero tocar o ultimo galho,
Quero Cair d última folha,
Quero ser a gota de orvalho,
Chorar, se te fizer sorrir, CARALHO!

domingo, 6 de abril de 2008

Pedaço de outra carta...

Poha Nora, parece sacanagem quando eu penso que a gente já namorou, que eu te ouvi entre os sopros da gaita, ouvi você soluçar. Vi primeiro seus dedos roxos naquele sapato preto que você ama, depois seu cabelo escondendo metade das canelas. Esse mesmo sol de agora cruzando atrás de você mostrando algumas sombras de parabrisas dos carros nos estacionamento, e suas lágrimas brilhando nos degraus.

Claro que não consegui mais tocar. É uma puta sitação desconcertante quando a gente tem de passar por um lugar e tem alguem desconhecido chorando lá. Mordi os lábios meio de lado, fazendo cara de situação constrangedora, eu sempre faço, mesmo que ninguem vá ver... Andei pra um lado, e pro outro. Olhei você de novo, abraçada nos joelhos, com o queixo sobre eles, seus olhinhos vermelhos meio vesgos, achei terno, fiquei meio triste mesmo... Até você sorrir com uma expressão que só consigo ligar a frase ‘‘é foda, né?’’ entortando minha cabeça num meio sorriso, um “é...”. Pensei, né? Em perguntar alguma coisa, mas nem da pra perguntar nada nessas horas, uma guria que eu num conheço de camisa de dormir e sapato de festa, chorando na escada da lavanderia. Era melhor elogiar os sapatos, mas você tava provavelmente puta com tudo, sei lá o que eu pensei de você naquela hora... Fiquei te olhando de cabeça torta. Até você dizer rindo “E aí, como eu tô?” “Num parece bem, mas os sapatos são legais.” “É, tá apertando aqui” e apontou com o dedo, para o lado do dedão, onde tava roxo “Mas são os meus preferidos, acho que a gente tem que tar com algo que a gente goste quando tá triste” “É uma boa, nunca tinha pensado nisso, mas é uma boa.” “Eu sempre uso sapatos bonitos quando fico triste, a gente acaba olhando pros sapatos mesmo, quando tá pra baixo.” “É ficar pra baixo tem dessas de olhar pra baixo, cê quer subir pra tomar um café, e ver se volta a olhar pra frente?” “É, eu num tenho mesmo pra onde ir...”

segunda-feira, 24 de março de 2008

Memórias de cartas

Melhor ainda, não são papais, mamães, filhinhos. Amar. Escolher pelos meios que o mundo nos deu, tudo isso que flui da sua boca, tudo isso que você não se cansa de dizer, tudo isso que você, e não só você me fez entender, mas ainda é cedo para explicar. São os arrepios de todos os encontros e desencontros de todos os nossos dias, de todos os nossos beijos, abraços, caricias, espaços, sonhos, puxões, empurrões, cortes, viagens, passagens, mortes, bagagens ( haha, é você! E o sonho não vai acabar, e continua você...)

E quantas bagagens, e quanta bagagem...Quantos dias tornados em meses quantas horas batendo em nossas caras entre chorar e não chorar, entre amolecer e continuar a viver, entre o desespero de querer ficar junto, a necessidade de manter-se separado. A fluência emotiva de viver outras realidades, mais amores, mais separações, e bem mais coração todos os dias. A coisa mais dolorosa e tola: Nada nem ninguém é apagado. A vida sempre vai ser o que aconteceu até hoje, não existem negações de motivos, não existem justificativas mais plausíveis que as circunstâncias. Claro que podemos mudar o mundo, mas o mundo é ( como você mesmo diz) muito grande e muito pequeno, e essa distancia física nós não temos mesmo direito de alterar, é nossa vida, e mesmo tendo sido arrancada de tantos lugares, tendo sido tragada para lugares, vidas, e realidades tantas vezes, eu sei e você também sabe, que foi o caminho até aqui, de olhos fechados ou abertos não mudaria nenhum desses passos, por que foram esses que nos trouxeram até aqui. E aqui é o lugar onde nós alteramos as distancias como sonhamos por todos os anos, o ponto onde eu sei que não viveríamos um sem o outro. Onde viveremos assim...uma costura por fora do espaço.

sábado, 22 de março de 2008

Shit! Now i just can see it...

É muito raro, isso é uma coisa estranha pra dizer, eu deixar que meus olhos transpareçam o que acontece do lado de dentro. Quando é desnecessário, o que infelizmente cobre noventa e cinco por cento das situações. Lembro quando um cara me disse, um cara que eu não respeito muito ultimamente, que a gente só escreve bem sobre coisas que a gente não sente. Como sempre. Eu entendi a piada melhor que ele.

Isso soa arrogante como eu, quando dito assim. Mas a verdade é que eu não sei como, mas grande parte das pessoas só entende sentimento como algo intangível. E ele é um grande mestre nessa não-arte. O que vem daqui pra frente, não é saudável para aquelas pessoas que assistem as novelas das oito. Não é muito saudável nem para quem leu tranquilamente os sofrimentos do jovem Wherter. É sobre a pior parte da realidade. Eu lembro que quando eu tava um pouco mais sensível que o necessário. No oposto do que estou agora, eu não dei muita moral pra frase ‘Você desiste de sua mente, pra segurança do seu coração.’ Agora quase sem sentimentos isso me fode. Da pior maneira possível; sem sentir.

O sentimento em mim, nesse momento em particular, parece uma foto do sol surgindo no horizonte. Com os dizeres ‘queria estar com você pra ver o dia amanhecer’. Só uma estorinha pra boi dormir. Nossa cabeça é capaz de fazer coisas engraçadas. Uma serie de situações uma série de besteiras. Para aplacar a vazies de alguns instantes. Engraçado daquele jeito que não dá vontade de rir. Não chega a ser agridocemente engraçado. É uma piada que seria engraçada em qualquer outro momento, nesse não. A onda do humor é o timming, a grande onda de quase tudo é.

Quando a gente se entrega para a vida, ou para qualquer coisa. A gente acaba pondo um monte de coisas em risco, a mais importante somos nós mesmos. As piores partes da vida soam como special k. Pra quem nunca cheirou key isso parece até legal, vida em terceira pessoa. Podemos fazer qualquer coisa afinal é como se nós fossemos um personagem. Não, crianças, não é tão legal. Se existem três camadas para tomada de atitudes estejam certos que não é legal perder o super-ego em alguma aposta impensada, ou em uma aposta pensada e ignorada. Pior que isso é pensar que a coisa toda não e um jogo sádico. A coisa mais difícil de reunir nessa vida é uma personalidade. O que nós somos são todas as cartas que temos. E não é tão complicado fabricar um royal straight flush quando se joga sem cartas. Menos palavras aqui, mais linguagem corporal ali, umas pitadas de displicência. E algumas gotas de subversão ( eu já escrevi algo interessante sobre subversão, é só ver a palavra no sentido literal que fica fácil ver como é fácil trapacear. )

Quando existe um sistema de regras definido, e um monte de gente aceitando esse sistema, a forma mais fácil de se destacar é burlando as regras. Conhecer as regras, saber que elas existem. Como minha mãe sempre diz ‘o único jogo que vale a pena jogar é o da vida’. Eu gosto de adicionar um ‘por que todo mundo ignora o fato de estar jogando’. Eu em particular gosto de todos os outros jogos, não gostar de jogos é como não gostar de masturbação, a gente fica meio sem saber pra onde ir quando ta lá no real-deal. Jogar é bom também por que reafirma nossas camadas de ação aquela parada de ter um super-ego. O mais divertido sobre isso ( por isso deus é uma musica e ritmo é vida ) a parte cosmicamente sarcástica disso, é que quando a gente tá losing our minds for the sake of our hearts, nós nos tornamos grandes jogadores, de qualquer coisa. Por que nós não estamos dentro da gente, a gente é obrigado a sair, dar uma volta e esperar alguém jogar água no chão pra poeira ficar por lá, vida é rinite alérgica numa tecelagem abandonada. Eu não lembro da minha consciência em uma crise de espirros, eu quero dizer.

Voltando ao sentir e não sentir. Que isso ta ficando abstrato demais pro gosto de qualquer um. Quando ficamos ‘normais’ é difícil infringir dor. Por que a dor nos é tangível, isso é base da idéia de perdão que conheço. Esse texto todo provavelmente seja sobre perdão. Sobre aceitar que nem sempre as pessoas são quem elas deveriam ser, por que nem sempre tudo corre como o planejado, ou por que nem sempre se planeja tudo o que se faz.

Como quando deliberadamente decidimos que alguém merece um discurso, e nós discursamos bem, ou quando negligenciamos alguém, ou quando simplesmente a codificação da mensagem é diferente de um lado pra o outro, efeito telefone-sem-fio, ou mal-entendido. Mais uma coisa aprendida com os sofrimentos do jovem Wherter.

Acho que me perco na inexatidão das minhas regras com a matemática do auto-respeito, da responsabilidade, dos sentimentos, e da ausência deles.
Um dia após o outro com um cérebro e uma linguagem é um negócio complexo. O esquema é ver se dá certo com vida ao invés de heroína.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Fluorescent Adolescent

You used to get it in your fishnets
Now you only get it in your night dress
Discarded all the naughty nights for niceness
Landed in a very common crisis
Everything's in order in a black hole
Nothing seems as pretty as the past though
That Bloody Mary's lacking her Tabasco
Remember when he used to be a rascal?

Oh that boy's a slag
The best you ever had
The best you ever had
Is just a memory and those dreams
Weren't as daft as they seemed
Not as daft as they seemed
My love when you dreamed them up...

Flicking through a little book of sex tips
Remember when the boys were all electric?
Now when she tells she's gonna get it
I'm guessing that she'd rather just forget it
Clinging to not getting sentimental
Said she wasn't going but she went still
Likes a gentlemen to not be gentle
Was it a mecca dobber or a betting pencil?

Oh that boy's a slag
The best you ever had
The best you ever had
Is just a memory and those dreams
Weren't as daft as they seem
Not as daft as they seem
My love when you dream them up
Flo, where did you go?
Where did you go?
Where did you go? Woah.

Falling about
You took a left off Last Laugh Lane
You just sounded it out
You're not coming back again.

Falling about
You took a left off Last Laugh Lane
You just sounded it out
You're not coming back again.

You used to get it in your fishnets
Now you only get it in your night dress
Started all the naughty nights with niceness
Landed in a very common crisis
Everything's in order in a black hole
Everything was pretty in the past though
That Bloody Mary's lacking in tabasco
Remember when he used to be a rascal?

segunda-feira, 10 de março de 2008

Ode aos dias

A massa onisciente da agonia
As noticias de agora de hoje em dia
Dez segundos, dez mil anos... fibras óticas
Das análises caóticas às circunstancias despóticas

O dia, a noite, a informação, a orgia onírica dos vícios
o prelúdio do fim anunciado põe anônimos sócios
de Anônimas sociedades engolindo o universo abstrato
números gerando fome, fome gerando morte, morte hábito

Morte no hálito das ruas - que é de todo esse inferno - substrato
O retrato glorioso do gozo deste tempo desgostoso o clímax de uma era
o despertar de uma fera que decepa cabeças voluntárias a bandeja
que despeja seu gosto de inveja, seu bouquet de xanax
Seu duvet de diversão torpeza, seu céu seu inferno, sua indústria sua igreja

Seus olhos de vidro na plasticidade de seu mundo cinza, do meu mundo cinza
Das cinzas desse fogo de onde sairemos fênixes ou não, letárgicos zômbicos...
Sabe lá o que sairá do murmúrio-anão do fim de um mundo disforme-mágico
De dinâmicas anacrônicas embasbacantes de tão babacas

Sumindo todo dia no sufoco gástrico de viver no futuro
Queimar os dias de hoje nos dias de amanhã, agendas relógios, a gente os espólios.
Queimar do amanhecer verde metropolitano. olá monóxidos, dióxidos, destroços
olá viela de alterações biológicas, olá monstros míticos desses dias

Meninas, meninos,crianças. Um beijo, uma lambida. Enchem a barriga
Do pus sexo-social de nossos dias, da quintêssencia da vida
Inocências vendidas no mundo sem lei, por menos que um prato de comida.

Por nervos em frangalhos, por olhos sem íris, por bocas ressequidas.
De Craxi, de cola, do thinner, da fome, da merla, da merda da vida
Da eternidade instantânea dos segundos pontiagudos passantes
vinte e quatro horas de aula: dispersão intensiva dirigida
Fome explosiva de poder! Comunicação massiva distorcida

Os tiros, a balburdia, a doutrina hiperinflada do medo
Cebola, alho, cominho, e gente; Tempero barato.
Ingredente agridoce deste cômico enredo

Aproximo-me, esfrego-me, enveredo-me, imiscuo-me
Das vísceras podres do concreto esverdeado das Revoluções
Nos prédios lacrados das corporações, no mundo de cromo da situação
Paredes reluzentes de aço coruscante, pedra, sobre pedra infame
Sob o grito fenomênico desistente desse último instante
A beira do abismo onisciente. Do fim anunciado desinportante


O homem que reprime o assassínio corta as veias de seu mundo
e deixa-o sangrar na indiferença e o mundo nosso morre indigente
E não, não me digam que foi a gravidade a derrubar esta torre
Fora a gravidade do engenheiro ao tentar retificar - de tornar reto -
As espiras do bruto, tentar eufemizar ser homem acabando no próprio reto

CEOs, corretores,a máquina caótica dos sócios minoritários, os corruptores
cães de guarda, putos, estopores - da parte do cão corporativo -
da babel babona, bêbada! Ruere Babel, Ruere Babel do bobo novo milênio.

Dos milésimos de sengundo onde vive todo teu dinheiro
O muito pouco do mundo muito derretendo o crânio
Empobrecemos vidas, raízes, sorrisos, países, sonhos.
Enriquecemos urânio, escárnio, escarros, escrotos!

Vamos, Vamos etnocídio pela paz; Vamos globalizar a guerra!
Vamos, vamos nos transformar em estrelas, nos cobrir de luminescência
Derretamos a fluorescência dos escritórios, dos laboratórios, dos sanatórios
Dos sanitários. Vamos Intumescer os olhos da negra foligem

Das narinas esbranquiçadas dos montes de cocaína
Dessas tuas veias mundanas de nitroglicerina
Dos pulmões, dos dedos, dos olhos e cabelos, tingidos de nicotina
Da meditação diária na carnificina invísivel da vida-morte de mercado

Dessa insurreição velha de espiritualismo importado de lá, de cá.
Dos últimos Hopi, dos últimos tucanos, dos últimos do juruá
Último tempo, última hora, mundo de sempre mundo de agora.
Agora a glória da história memória que uiva esses modos de mória

Das luzes nossa troça pulsante, mórula atemporal de euforia
Nossa pausa temporal gordurosa, dessa cancerigena agonia
O farfalhar de todas as folhas fluídas de jornal

Quintais, espaços, florestas, lamaçal, o matagal
Tudo quanto é vivo transpaçado de vil cinzento metal
Vida límpida confundida com aço enlaço em pontas e espinhos

Ninhos de aves, sonhos tão graves. Gente tão mutante
Cidades com a morte liquida ladeada de estradas
Brilho, rejuntes, calçadas, beleza leza e falso futuro
Falho virulento, pesado e pesaroso, absurdo futuro escuro.


O virtual momento virtuoso, o virtuoso momento virtual
Mundo do bem, mundo do mal, mundo bem mal, débil mental
Igualando-se aos outros para provar sua individualidade
Dividindo o indivisavel ficando com tudo para si mesmo

Vagando a esmo pelas frestas de sua realidade relativa
Na crõnica invasiva do universo da informação reativa
Na passividade dos ciclos decatentes das decadas
Viva a vida de ontem reativada, viva a pilha desvairada de dias

Vivamos o desvairio cósmico de existir e ser nada e ser tudo
Vivamos o quebra-cabeça de gente num uníssono igual-diferente
Vivamos o sono abismal dos setessentos canais de televisão
Vivamos a diversão da subversão das subversões incoerentes

Alegrem-se pois é o fim de nossa agonia coruscante
Alegrem-se e enfeitem-se do marfim do elefante branco que cai
Alegrem-se pois se isso doi é mentira, se é mentira perdura, então cura

Desilusão! A nuvens não são de algodão, o aço corta, a luta é em vão
Desilusão! A chuva é a vida, e a chuva também queima, DESILUSÃO!
Desilusão! O trabalho edifica o homem, Vejam aí o pedreiro anão.
Desilusão! O mundo não fica mais desse jeito não, vira pó na tua mão!

Vamos! Vamos botox,xanax,benflojim, prozac. Plástico, plástica, ginástica
Vamos! Vamos escultores de corpos, vendedores de mentira, linda e mágica!
Fomos! fomos humanos, fomos orgânicos. Fomos à merda tantas tantas vezes!
Fomos! fomos usados, fomos usura, fomos luxúria, somos lindos e velozes!

Ferrari, Armani, Versace, Ferre, mais dinheiro, desbalanço e mais mulher!
Dolce & Gabanna, Svarovski, Channel, mais poder, hedonismo e prazer!
Somos chique, somos morte, somos a faca o queijo, a carne e o corte
"somo seaway tessado, e corote" são gente, ninguém são, sanidade, subsídio!


Comunidade fratricida assistindo o suícidio televisionado das eras.
Feras engolindo feras, concreto engolindo quiméras, e o grito reverbera
FIM! FIM! FIM! No oco fundo dos encéfalos, na sala de espera dos acéfalos
Fim nas calçadas reluzentes, fim na luz azul das salas de estar
fim na noite que nunca dorme, fim dos dias que nunca acordam.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Chateações de gênero: cosmopolitan NOVA e DEMOCRATAS veja.

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a postagem.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

(R)evolution!

“Estuda-se o desenvolvimento humano pela evolução do organismo...e sua interação ambiental.A evolução do organismo começa com a evolução através do hominídeo...até a evolução do homem,o Neanderthal, o Cro-Magnon.

Ora, o que temos aqui são três eixos. O biológico, o antropológico,

o desenvolvimento das culturas...e o cultural, que é a expressão humana.O que se viu foi a evolução de populações, não de indivíduos.Pense na escala temporal em questão.A vida tem dois bilhões de anos,o hominídeo, seis milhões.A humanidade, como a conhecemos hoje,tem 100 mil anos.Percebe como o paradigma evolutivo vai se estreitando? Quando se pensa na agricultura, na revolução científica e industrial...são apenas 10 mil anos,400 anos, 150 anos.Vê-se um estreitamento crescente da temporalidade evolutiva.À medida em que entramos na nova evolução...ela se estreitará ao ponto em que a veremos no curso de uma vida.

Há dois novos eixos evolutivos,vindos de dois tipos de informação. O digital e o analógico. O digital é a inteligência artificial.O analógico resulta da biologia molecular e da clonagem.Une-se os dois com a neurobiologia.Sob o antigo paradigma, um morreria,o outro dominaria.Sob o novo paradigma, eles existem como um grupamento...cooperativo e não-competitivo,independente do meio externo.Assim, a evolução torna-se um processo individualmente centrado...emanando do indivíduo...não um processo passivo onde o indivíduo está sujeito ao coletivo. Produz-se, então, um neo-humano...com uma nova individualidade, uma nova consciência.

Esse é apenas o começo do ciclo.À medida que ele se desenvolve, a fonte é esta nova inteligência.Enquanto as inteligências e as habilidades se sobrepõem...a velocidade muda até atingir-se um crescendo.Imagine, uma realização instantânea do potencial humano e neo-humano.Isso pode ser a amplificação do indivíduo...a multiplicação de existências individuais paralelas...onde o indivíduo não mais estaria restrito pelo tempo e pelo espaço.

E as manifestações dessa evolução neo-humana...poderiam ser dramaticamente imprevisíveis.A antiga evolução é fria, é estéril. E eficiente.Suas manifestações são aquelas da adaptação social.Trata-se de parasitismo,dominação, moralidade...guerra, predação.Essas coisas ficarão sujeitas à falta de ênfase e de evolução.O novo paradigma nos daria as marcas...da verdade, da lealdade,da justiça e da liberdade.Essas seriam as manifestações dessa evolução. E essa a nossa esperança.”

Essa fala fantástica é um pedacinho de Waking life, não é meu preferido, mas é como todo o resto do filme...foda. O que eu quero com esse trecho é lembrar de uma coisa que é engraçada e divertida. Que com essa velocidade, essas mudanças. Tem um ponto MUITO divertido, da até vontade de rir, mas é só por que eu to com um bom humor fora do comum hoje. A parte que eu observei é que se a gente se comportar direitinho daqui a dez, ou quinze anos a gente já pode rir por ultimo... vou fazer meus exercícios e estudar um pouco agora, por que eu tenho o que fazer da minha vida, e é o suficiente pra assustar muita gente, mas como dizia aquele velho cancioneiro “ A parte chata de ser arrogante é que a gente acaba quebrando a cara” Eu digo que eu vou continuar sendo arrogante e o mais importante sendo mais cara de pau, por que se for pra eu quebrar a cara doerá menos se essa for de pau.

Sério gente, cuidem de suas vidas e seguindo o conselho esperto do Howard Bloom algo como "Ok, ok o mundo é miseravel e cruel, e se você dentro dessa miséria fizer algo que você goste do jeito certo?" Era alguma coisa assim, e esse cara é muito foda, leiam-o. Ou com o nosso gostoso objetivismo. Mudem suas vidas se você tem um emprego de merda, deixe esse emprego de merda pra alguem que espere merda de sua vida, não da mais tempo pra reclamar, ou chorar sobre o leite derramado. O mundo é assim não vai aparecer o anti-cristo, ou cristo pra salvar ou matar ninguém. Cristo é você o anti-cristo também, e eu to pouco me fudendo qual deles é você agora, eu tenho o que fazer, beijos pessoas.

P.S.: É Alaíla pode voltar pra cafeína, eu num postei isso ontem por que eu dormi, o que é raro, ou seja algo teve a ver com sorte.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Amelie!

Há muito não assistia a meu filme preferido, tinha até quase o tirado da posição. O que seria estupidez de mina parte, o filme é Le fabuleux destin d’Amelie Poulain. Esse texto inicialmente seria sobre a primeira vez que vi o filme sozinho sem chorar. O que não aconteceu, eu só passei da parte em que normalmente chorava. Pra chorar lavando a louça ouvindo Le valse d´Amelie.( é assim que escreve ?)

Esse filme que é geralmente tachado de chato, disseram-me uma vez ser bobo. Bom na minha opinião achar qualquer aspecto dessa obra bobo é bobageira como diria minha avó. Além de uma história maravilhosa, uma fotografia no mínimo mastodôntica, e a parte mais importante o apelo sobre os seres humanos, que assustou até o idealizador do filme que não acreditava nas pessoas que saiam do cinema aos prantos em sua pré-estréia.

O filme para os que assistiram e para os incompletos que não. Trata de Amelie uma jovem que como muitos privada do convívio com outras pessoas na infância, e vivendo em um ambiente com uma falta de ( demonstração ) amor, acaba refugiando em um dos melhores e mais perigosos mundos, o mundo dos sonhadores.

E sonhando criou seu próprio mundo, com o mínimo de pessoas possível. E em meio a sua fabulosa estória somos apresentados a diversos personagens que são caricaturas das psiques mais comuns do dia-a-dia. Colignon o quitandeiro amargurado pelo conflito edipico criado pela super-proteção de sua mãe; espalhando sua amargura pelo mundo com piadas cretinas. Madalene viúva entristecida pela fuga e morte de seu marido, que a amava e não sabia como entregar-se. Dufayel o pintor de ossos de vidro que vendo-se preso em seu apartamento endurece-se e imagina que só existem versões da mesma coisa e vive sua vida criando versões de um mesmo Renoir anualmente. Lucien uma criança presa em um corpo de adulto, que mesmo com seu braço amputado não consegue deixar de ver paixão em sua vida, e ama tudo o que é vivo sem distinções.

Amelie agora adulta e tendo de assistir as iniqüidades da vida, assim como Don Quixote trata de sacudi-la. Tornando-se uma poetiza-terrorista. Invadindo as vidas das pessoas trazendo-lhes o que em seu mundo de sonhos é o que merecem. E já no primeiro ataque descobre que o seu mundo de sonhos está ligado a realidade no ponto onde as pessoas realmente merecem o que parecem merecer. E continua assim sua jornada em busca de mudar tantas vidas quanto puder. Até seu destino cruzar o de Dufayel, o homem de cristal. Que põe sua guerra sob uma perspectiva que ela ainda não havia notado, ou que havia escondido muito bem de si mesma. Ela salvava muitas vidas, mas quem salvaria a dela? Um dos problemas mais complicados da vida de quem é sonhador é sonhar e manter os pés no chão manter o chão próximo suficiente para não doer quando nossa cara bater nele. E nossa cara eventualmente acaba batendo no chão, é a física Newtoniana. As maças caem na cabeça dele e a nossa cara cai no chão, once in a while...

O filme inteiro trata basicamente de procrastinação. Termo que foi definido muito bem pela bela Alaíla, homenageada dum post anterior. “Qual a semelhança entre; uma cerveja estourada no freezer, um bolo queimado, e uma mulher grávida? Nenhuma, mas nada disso teria acontecido se você tivesse tirado antes.” Quando adiamos qualquer coisa essa coisa se torna mais difícil e nossa reação ao fracasso quanto a isso se torna maior, por que o tempo matura qualquer coisa, inclusive nossas expectativas. Até o ponto onde depois de uma série de sessões psicológicas, vencidas no cinema só pelas de Tomas Crown e sua maravilhosa psicóloga. Dufayel dá a ultima dura em Amelie tocando exatamente nesse ponto, caso você não se mexa seu coração tornar-se-á fraco e quebradiço, como meus ossos. É quando tudo faz sentido desde o desdém do barman ao sonne sonne da cabine telefônica até a aspereza da jovem de cabelos vermelhos com a pobre Georgette. E tomada pela reunião de informações Amelie corre até a porta para o desfecho óbvio da comédia. Afinal, o povo tem que casar se não a história num acaba.

Bom, então... Fica a dica, pessoas: Procrastinação é tão bom quanto masturbação.E ambas são passiveis de substituição.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Finito

Finito

Algum erro de interpretação há muito tempo atrás criou essa palavra. Como quase todas as palavras. Finito. Desde Lavosier só existe o transitório, e como já disseram “Assim como está em cima, está embaixo”. Então nada a acaba, nada mais complicado de aceitar. Por que todo o medo que nos move para longe de qualquer coisa é o da extinção de seja lá o que for.

As flores nascem crescem e morrem, não se preocupam com sua procriação são bonitas suficiente para as abelhas e tudo mais que se alimenta de néctar. Nascem, vivem, reproduzem-se e morrem, no heart feelings. Ninguém se machuca e a espécie continua lá. Em um outro nível temos o espelho, nós. Seres humanos, perecíveis, mortais. E sabendo disso. Quando eu era criança a única coisa que absorvi de religião foi que nós somos iguais ao nosso criador.

Nosso criador... Parece extremamente idiota quando a gente para pra pensar, é muito contraditório, nós o amamos e somos tão imperfeitos. Se as criaturas mais aptas a viverem no mundo onde ele criou. É a criação mais importante , a obra prima, é o que destrói todas as outras criações. Ruim, triste? Podem me chamar de louco, mas eu só sou virtualmente paradoxal. Como as outras coisas todas. Por que eu comecei esse parágrafo assim? Se nós somos a obra prima de nosso criador, e somos a principal criação dele. O que diabos nós estamos fazendo aqui. Fico triste quando as pessoas atravessam suas vidas, não que não deixem marcas, não que não mudem qualquer coisa. Mas o grande desespero existencial é a maior besteira do mundo, medo de criar, medo de existir, medo de viver, de expressar-se. Somos no mínimo ridículos por isso. Eu já disse muitas vezes sejam egoístas, mas isso é muito complicado de entender, e se nós não entendemos o que significa sim, o que significa não, o que significa viver, é melhor que eu passe a dizer; Sejam egotistas.

Não chegamos nem a estar andando em círculos, estamos quase todos parados, uns dizendo que o mundo não funciona, outros transformando suas vidas numa exaltação do que é vigente e está errado. Fica difícil viver assim, e isso não é motivo para deixar que tudo seja o que é. Por que é transitório, deixa de ser assim um dia, e vai continuar sendo como você deixou sendo quando você for embora. Se esse é nosso mundo, se essas são nossas vidas, nós devíamos tomar responsabilidade por ela, nossa vida é uma dádiva, deixar de usa-la, deixar de ensinar, deixar de aprender, deixar de criar, deixa-la passar. Isso é heresia.

Tudo passa pela nossa vida, eu as vezes penso que paradoxo é minha palavra preferida, mas nostalgia continua sendo a melhor, por que nostalgia é o retorno de algo que você não pode se esquecer, a memória é só a parte feliz do esquecimento, a nostalgia é o paradoxo do passado que deve ser esquecido com o agridoce de ser lembrado. Lembrar e esquecer, trazer a existência. Mover o foco da nossa spot light de pensamentos. Ver o que foi, entender o que será. Não é que exista um destino, é que existem pessoas e essas pessoas são previsíveis. O que deve ser mantido, o que pode ser mudado... Saberemos de algo, do que mudamos, mudaremos muito sem nos dar conta.

Isso nos faz perfeitos, nosso efeito sobre nossas deidades externas, quando Ginsberg vê deus em todos os cus, eu o compreendo plenamente, por que deus está em todos os cus, em todas as vidas, e em todas as mortes, em todos os caminhos, em todas partidas e em todos os destinos, é tudo. Não pode ser um velho vendo tv. É a força criadora, e eu nunca vou aceitar que deus é perfeito, por que se nós fomos criados, e nenhum de nós é perfeito, não há como nosso criador ser perfeito, e talvez seja só uma forma cósmica de equilíbrio, e essa é só mais uma das minhas frases com a qual eu não me importo, por que é só até onde eu consigo ver. Eu sou a obra prima do melhor autor, e eu não sou perfeito, não há vergonha em fazer errado.

Eu estou aqui, você está aí. Pelos últimos três anos venho escrevendo sobre isso, para descobrir que eu não estou em lugar nenhum, e ninguém está em outro lugar. É só uma coisa, nós somos a força que nos criou desmisturada, nós somos a análise de nossa criação. Nossa criação somos nós como um, nossa realidade é nos reinterpretar como muitos chegando a nós como um. Um diferente de nosso antigo um. Isso é evolução no macro. É como se nós fossemos um bloco de carne, viramos carne moída, e tentamos chegar ao hambúrguer. Outra forma, ainda imperfeita, mas uma unicidade por nós mesmos.

Sempre acabo compelido a escrever sobre essas coisas, não que eu me considere um expert na arte de viver, mas eu já estou bem adaptado a condição. Eu bato minha testa nas vidraças da vida muitas vezes, mas a parte divertida é cair no chão rindo. Não fingindo que a vidraça era visível, e que eu não sou um ser humano capaz de caminhar em um labirinto de espelhos.

Viver como uma personagem minha disse é errar, as vezes nós sabemos as vezes não, mas sempre erramos e erramos sempre em sentidos diferentes, sempre por motivos diferentes, não é tanto sobre aprender com os erros. Creio que seja mais sobre a dignidade do erro.

Um dos erros mais tristes que já cometi foi acreditar que meu coração fosse leviano, achar que eu não poderia conhecer as pessoas pelo que via nelas. E eu sempre soube que estava errado, de todas as vezes que me apaixonei foi de uma vez só, em um olhar só, não existe isso de as aparências enganam. E eu acho que eu escrevi até aqui, sobre esse monte de coisas emotivas, por que eu tenho que lembrar de como é válido ser leviano. Por todas as coisas passageiras, por todas as pessoas de passagem, quando digo todas, são realmente todas. Elas vão embora.

Amar precipitadamente é só amar, o resto são decepções, e medo de decepcionar-se é medo de viver, por que a pessoa que mais nos decepciona é a pessoa que nós vemos todos os dias no espelho do banheiro. Então, o grande esquema deve ser amar todas as pessoas. Por que todas as pessoas erram, e você nunca vai ver todos os erros de ninguém, e se for esperto vai ver uma grande parte dos seus.

A grande coisa é amar e demonstrar seu amor, por que as pessoas voam para longe, ou vão para debaixo da terra, tudo é transitório, tudo nos parece finito, e devemos viver pelos momentos que temos com aquela parte de nós, por que se nós estamos contidos em um corpo e existem tantos outros, nos conhecer completamente é conhecer uma fração muito pequena da gente. Vivamos nós, e vivamos os outros. Por que nós ficaremos juntos conosco - Com nosso corpo. Até a morte - e sozinhos. Os outros vão embora.





sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Ao monstro de porcelana...

Bom, quem conhece as coisas que eu escrevo tá ligado que meu forte é poesia, que como prosador eu sou só um cara prolixo que encaixa bem as palavras, além de ser um Claranalfabeto Amnessintático ( em referencia ao grande Fernando Sabino com seu personagem Clarimundo Ladisbão). Mas em poesia eu sou bom. E em uma noite dessas atacado de uma filha da puta de uma crise de rinite/sinusite/td-mais-que-me-fode-as-vias-aéreas, pus-me a pensar em Alaíla, a co-protagonista dessa poesia aí embaixo que eu adooorei, pq a doro a moça tb, pq ela é...bom se nós tivessemos um dicionário pra idiotas a palavra antítese ia ter a foto dela fazendo hang loose. Vamos a ela.

(x

Pele pérola, A...

Ahr antítese malva de qualquer coisa
Ahr salva sorridente de tantos canhões
Névoa de palidez vívida, escuridão de clarões
Relva d'alva placidez.. Ahr lívida nervosa!

Atiro-me ávido nas anemonas,tua pele de caulim
Cíngulo prendo-te, flama, como alba...
Rútilo ata-me, calma, sede alva...
Atira-se tácita pelas alamedas, dêmonio-querubim

Condenado, rio-me do suplício. Desvisto a alba
Sob o brio de porcelana, porfiamos o porfim...
Sobre o dedo apóio a palma, e agora sou palhaço...

Dobro em reverencia, e do lábio esqueço.
Lírio, martírio, ahr monstro de louça!
Esqueça o palhaço, quero ser Arlequim...

Amanhã eu vou fazer a tradução do negócio. Por que caso eu venha a ser um poeta famoso, só vão fazer isso daqui a vinte anos, do jeito errado, e como nós temos tecnologia. Eu posso fazer amanhã do jeito CERTO.

Beijos

"Playboy, playboy desgraçado!"

Welly welly well. Como nada há de well no meu dia… Vamos a ele. Dia 22 de fevereiro de 2008. Dia do show do sepultura em Guarulhos, não eu não vou, quando o show estiver começando eu estarei saindo de uma aula do outro lado da metrópole. Mas num dá nada, eu num queria ir no sepultura, amanhã tem natiruts, e a primeira rave de responsa do ano... Ahr! Eu também não vou, ahr sim, temos também o Cirque de Soleil, mas eu também não vou.

Eu não tenho nada o que fazer, logo, reclamo. Bem, vamos as reclamações coerentes já que as incoerentes vão figurar no decorrer do texto. Bom, fiquei em sampa, pra curtir, ir nas festas, fazer o curso pra ganhar uma graninha em manaus... problemas? Ahr, são poucos, vou precisar de uns oitocentos reais, da pra ficar tranqüilo em sampa, e voltar pra Manaus. Mas tudo são rosas (sem pétalas ) fiquei com trezentos reais. Bom, o que se pode fazer com trezentos reais e trinta dias, gastar dez reais por dia, bom o metrô custa dois e quarenta, eu pego dois e um ônibus, logo me reacostumo a fumar hollywood. Ta mas eu to tranqüilo com essa grana tem vários dvds aqui eu assisto filmes, faço flexões de braço, abdominais, fumo cigarros, fico na internet, bebo, por que em casa de alcoólatra sempre tem cachaça, e tudo fica bem...o caralho.

Bem, alem de não ir as festas, de não ter absolutamente nada pra fazer, isso é normal. Então vamos aos problemas, eu já me sinto reclamando, mas reclamar de dinheiro é coisa de quem num tem o que fazer e eu já fiz mágicas com o meu e estou fumando Lucky strike de novo... Acendo meu Lucky matinal, vou até a garagem para faze-lo por que nessa casa embora ninguém seja alérgico a cigarros, não há outro fumante. A casa são em verdade três casas em um mesmo terreno, a garagem é a parte mais externa da primeira, eu já ouço as reclamações sobre o cigarro, e uma série forçosa de espirros e tosses, pelo menos eu to reclamando de reclamações.

Reclamações não são os maiores dos meus problemas, eu gosto de reclamações, afinal sempre amei incomodar. Meu problema maior são as recomendações. Gente, uma coisa extremamente importante sobre recomendações; o recomendado provavelmente já pensou oitocentas vezes sobre a recomendação que você vai fazer, então...Bem, sou bombardeado por recomendações diariamente, e não são coisas válidas, são coisas no mínimo revoltantes, coisas do tipo não gasta teu dinheiro em besteira. ( olá, eu sou o cara que só tem dinheiro pra ir e voltar do curso, até onde vc sabe pq eu já descobri como ir pra o curso pegando um trem só.) Ou a minha preferida: Sai desse quarto menino, tem um mundo lá fora ( Nota: O mundo lá fora exige dinheiro para ônibus, i’m fine here) Temos também: Cuidado com esse negócio teu de ouvir música, que esses meninos da favela te tomam ( É o mesmo menino da favela que tem um modelo melhor que o meu, e toma cerveja comigo ali na esquina( para os que não viram meu mp3 player é o modelo mais vagabundo custou 60 reais, por que eu comprei onde era careiro, pq se eu tivesse pesquisado seriam no máximo 35( e ele já quebrou... ))

Bom, de resto a minha vida é maravilhosa, eu não vou pras festas, eu não vou pro natiruts, eu não vou pro Cirque du Soleil e o mais importante de tudo, amanha tem Ivete Sangalo, e eu vou, e vou ficar sóbrio, por que é de graça.

E mais uma reclamação válida, inda tem gente que me chega em festa e grita “Playboy, playboy desgraçado.”

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Fones zuados....

Vinha andando...Ali na Berrini sentido águas espraiadas... Encontro com o maluquinho do curso... é aí que já começa um rolê que tem a ver com o tema da historia, na verdade nem tem é pouquissima coisa, mas dá um efeito legal na narrativa pró-educação do blog. Vamos ao texto educativo...

Vamos lá vinha andando meu fone zuado me mandando informações incorretas pra cabeça, e eu pensando sobre o que sempre penso; "Qual a onda dessa galera só fazer merda?" Então chegamos ao tema verdadeiro do nosso domingão bobageira.

"Quando você perde a luta, desista dela, não vá pro outro lado, pior que sofredor é VIRA CASACA!"


eu sei que eu sou horrivel com titulos, mas o titulo original é Fones Zuados que é moderno, e bonito. Vamos lá. Vinha ontem eu voltando pra casa, trombei com um maluco que me pediu um cigarro, nada de especial, e ele vestia uma camisa do chè ( isso é especial ). Isso a camisa do Che é que trouxe a lava pra boca do vulcão, com direito a comentarios toscos como a lava pra boca do vulcão, ESTOU/ESCORIA de volta!

Usar as camisetas do chê em que isso implica, quais as premissas para que eu use uma camisa do chê. Bom... eu preciso conhecer a histórinha do cara, tenho que simpatizar com os comunismos da vida, tenho que achar iconização melhor que a iconoclastia...e o mais importante para o relato, eu num ia ficar tirando onda com comuna durante 30 minutos ( tempo perdido semanalmente com meus infieis leitores...) vamos ao ponto que vai trazer mais peixe pra rede. Se vc não entende que ao comprar uma blusa do chê vc faz mais propaganda negativa do que positiva pra sua ideologia.

Agora eu explico isso tudo antes dos molotovs começarem a cair aqui, pq isso faz parte dessa parte, mas com os ensinamentos do zbct do mainardi então posso encher o saco com conteúdo por até 3 horas. Se Você é contra o controle da ordem vigente, por que todo mundo sabe o problema não é a ordem, pq funcionaria dizer para um policial que são só 9 da noite e que eu num preciso estar com meus documentos, mas o soquinho no estomago e inevitável. Logo, tendo a crer que se tivesse morado na favela quando criança hj acharia que era bonito andar na rua com dinheiro, ou com drogas, por que se nós confiarmos na policia ela leva td o que tem de bom, meu pai, minha mãe e de vez em quando o cara que me deu meu tênis legal....
Esse é o ponto que nenhum desses grupos desde os compradores de camisas do chê, quanto os true oldfashioned rockers, todos os carinhas que gostam de one-hit-wonders-do-meio-do-século-passado ( tinha que cita-los, quando descobri sua existencia, eles tornaram-se alvo de todas as minhas criticas quanto a nichos ridiculos de mercado)

Eu disse que tinha de cita-los e agora vou ao ponto, para este publico existem desde cuecas, a coleções imensas de roupas, dentro de um ambiente de cerca de 100 artistas que tocaram uma ou 2 músicas em uma parte dos anos cinquenta e sessenta...One-hit-wonders de lugar nenhum. E todo mundo sai ganhando é um estilo de vida que paga bem. E todos eles nos diriam que estão curtindo a vida. A vida entre coisas que deram errado no passado dentro de uma vida que não deu tão certo.

Ai alguém na multidão grita "get a fucking theme" aí eu penso; "agora, vem a parte gloriosa" Vamos lá, há hoje em dia, uma série de grupos, todos acreditando ir contra o sistema, não entendendo bem o funcionamento do sistema, nada além de seus resultados, neles.

O bom de ter um blog pouco visitado é que a gente tem como direcionar o texto. Bem, Ana, Luiza, Rique e Luana. Vocês vão identificar-se com alguns personagens que podem ou não aparecer do decorrer desse post, que depois de 4 paragrafos, ou cinco. Ainda não disse nada sobre seu tema.

E o tema era sério. Vamos a ele, existem várias pessoas que sempre acreditam que estão minando uma coisa abstrata que destroi a terra, e eu acabo achando que são essas pessoas abstratas que destroem a terra, essas pessoas que acreditam que acreditam em algo que alguem disse, por que uma grande quantidade de pessoas também acreditam, ou aceitam a opnião de alguém que falou algo sobre as pessoas. São pessoas que vivem nos moldes antigos mijando no pote de onde bebem. Dizendo que o mercado é cruel e comprando todos os dias coisas que se tornam cada vez mais caras , desde uma barra de cereal, até uma alma cansada. E vão comprando e vendendo com palavras, vendendo e comprando com mentiras.

E aí entramos em mais um dos emaranhados esquisitos desse post de domingo. O que é verdade, o que é mentira, o que faz com que as coisas aconteçam e se é por isso como elas acontecem, que perguntas macaaaabras.... é ... Vamos a elas mentira são coisas que vão acontecer que a gente fantasia ou coisas que já aconteceram que a gente mascara. Logo, mentira é tudo o que a gente diz. Nós todos somos um pouco menos eficientes que nossas bocas, então cada palavra que sai dela, é um pouco menos do que o que iremos fazer, no geral ao menos. Desde o eu vou lavar essa louça e ir dormir, até o ir dormir sem lavar a louça. Tem toda uma contradição que passa sem ser vista. e é aí que o texto se reemaranha em uma corda de quatro pontas e uns fiapos que me esqueço. O nosso discurso flui de uma forma, raramente alcançada por nosso corpo, e mais raramente ainda no ritmo do pensamento dos outros, e começam os problemas que englobam os paragrafos anteriores. Tudo isso em função de tornar-se real, para mim tornar-me real é tornar-me novo todo dia, e eu me sinto velho, por que me renovo todos os dias, e acho que não estou novo o suficiente. Acho sempre que nossa velocidade de renovação é insuficiente, parece que por mais que só eu mexa na merda do meu queijo ele sempre pareça mexido. É a ambição que quando a gente para pra olhar. De perto ela parece só uma explosão uma coisa querendo ser maior que si mesma. aí a gente começa a agregar qualidades, nossas coisas de seres falantes, mentirosos. Logo é aquela ambição. A que precisa de dinheiro, a que precisa de poder, a que não quer atingir coisa alguma alem do que parece mais longe, ele mesmo. Fazer algo que a gente gosta muito significa gostar de nós mesmos, fazer uma estatua gigante de nós mesmos é só querer tocar no teto, o tal do ego. Que ao meu ver não é o ego, é a parte ruim dele. A parte boa é o que ele cria, a parte ruim é se o criador acreditar que a fonte da coisa toda é aquela estátua boba dele com o pinto um pouco maior do que merecia. Eu nem gosto tanto quanto parece de falar dessas coisas.

Fechamos seres humanos e seus quase-egos. Vamos em frente. Esses seres humanos que se consideram pensantes por terem uma ambição "moldada" acabam seguindo um caminho errado, desde o cara que é ensinado que o certo é o que tem mais dinheiro quanto aquele lá do começo que acha que o que é bom é o que a policia leva. Os dois estão certos no mundo onde eu tenho medo de viver. Nesse ponto nos temos duas bases que podem dividir diferentes niveis na cabeça de um cidadão pacato das nossas ruas, ou uma ambição financeira que é divertida sempre, e geralmente num leva a muito mais longe que uns 300 metros do chão muito vidro e centro da cidade.

Ai acontece a luta, e dentro desses grupos, existem os pequenos nichos de consumo, que é o nosso tema principal. Aquelas "tribos urbanas" um monte de gente que acha que faz a mesma coisa, que gosta da mesma coisa, e que é ( alguém me ajuda a entender isso?) parecido com as outras pessoas. "Oi, tudo bem, eu não como carne!" "Legal!!! Eu também não como carne!" pronto temos um grupo de amigos. Ou " Caaaara, eu gosto de um cara que tocou uma musica mil vezes há 40 anos." "Noooossa, eu gosto de um outro que fez uma participação no vocal de uma banda, que quase fez sucesso há 35" Pronto, mais um grupo feliz de amigos. Ou um rebanho de ovelhas pra cada pastor.

Chegamos! Hoje com a nossa tecnologia de comunicação qualquer coisa se torna internacional, desde o Arctic monkeys, até os carinhas que tocaram uma musica legal nos anos sessenta. É aí que começa o problema, seis bilhões de pessoas, um cara comendo fast food e reclamando do capitalismo não dá! EU num posso aceitar, num posso dar razão a uma palavra sequer, se for pra comer no mcdonald's com a camisa do chê que seja por terrorismo poético não por leseira momentanea...

Então...Neste momento fecho bestamente meu post de raivinha contra os cheguevistas que comem no macdonalds. E tambem a todo mundo que critica o mundo e fica jogando nas regras, se for pra seguir as regras vamos fazer as regras que a gente criou pra fazr o mundo funcionar, não criar regras novas pra fazer o mundo funcionar errado pra quem a gente quer...


Adoro! escrever textos pra gente que a gente num gosta é lindo, inda mais quando é só gente que a gente gosta que vai falar que a gente não tem a minima coesão...

domingo, 6 de janeiro de 2008

Aquela

Pontas de cigarro, pontas de amargura, de nostalgia. Aquela nostalgia cálida de um lugar que parece que sempre vai ter o cheiro do passado. As tábuas lado a lado, parecem todas pedaços de um pecado agridoce, pedaços de sorrisos doces. Pedaços da vida que a gente viveu. É como se não fossemos a mesma pessoa depois de um tempo. Feliz ou infelizmente, existe uma história que acaba nos ligando a quem nós somos.
As veias esverdeadas em meus pulsos finos, lançando mais uma ponta de cigarro para fora do vão da porta onde faço ninho, nessas veias corre o que me faz lembrar o que faço aqui. Porque voltei aqui, nós podemos ir a qualquer lugar. Nossas pernas sempre nos trazem aos lugares que mais nos machucam, nossos olhos sempre olham para onde não deveriam, esperando ver os mesmos bancos de couro, esperando que tivessem o mesmo cheiro, esperando mesmo a mesma camisa vermelha. Cada carro na esquina me faz pensar que meu coração não cabe na fragilidade do meu corpo.
Eu esperei, - fui e voltei - sempre estive aqui. Meus olhos sempre esperaram pelos seus, e meu coração nunca saiu de suas mãos. E eu estou aqui outra vez. Outro verão. Outra pessoa e ainda a mesma pessoa, a mesma esperança de que você visse, de que ao menos aceitasse. Tenho medo de ser só um rosto combinando com a sua camisa. Você sempre aceitou o amor de todos aqui, exceto o que sempre esperou aceitação. Sempre me disseram o quanto você era bom, enquanto você esperava, esperava e esperava. Enquanto eu esperava, enquanto seus sorrisos e a doçura impensada de suas palavras tornavam calmas sístoles e diástoles em explosões doídas aqui dentro. Você esteve com todas elas, eu esperei por todas elas, eu superei todas elas. Você sempre soube de mim, soube quem eu era para você, mas todo o resto foi mais importante, e eu continuei a esperar. Esmagada por sua vida, esmagada.
E ali estava você amável e errado. Errado e errando. Entre mim e o mundo, errando e talvez chorando. Mas você nunca deixou de ser o menino de ouro neste coração, que agora encontra mais e mais formas de me fazer pensar que vou explodir, quando ouço a doçura da sua voz em mais uma versão falida de “vamos ver no que dá”. Eu não quero mais ver no que dá, mas meus lábios choram pelos seus, e ao redor de dois pares de lágrimas encontram os seus. Eu sempre acho que você vai entender nesse ponto. Mas sempre há dois milhares de pares de lágrimas para depois. Você sempre acha que está perto demais, e me parece tão longe, enquanto insiste em me deixar para trás.
Posso sentir o vento entrando janela a dentro, como se ainda estivesse aí dentro com você. Alguns anos e sorrisos tornam-se lágrimas, porque nem sempre o destino nos vem se não nos agarrarmos na parte que queremos. O destino é só uma das coisas que não voltam para trás. Infelizmente para o tempo existe a memória, para o amor o perdão. E para você... eu.
Agora você pode ver seu rosto dourado dentro do meu coração partido. Agora você vê seu rosto e continua sem coragem de sê-lo. Os verões vieram e passaram e eu continuei a tentar entender, continuei a aceitar, continuei pensando se a fita que eu lhe dei lhe fazia lembrar de mim.
Agora sei que faz lembrar de mim, porque agora vejo nos seus olhos que você sabe o que eu sempre soube. Agora você sabe quem eu sou, agora serão só aquelas musicas. Só elas ficarão pra sempre. Elas e a certeza de que eu era aquela. Aquela para quem você nunca teve coragem de dizer... Aquela diversão de verão, que você nunca soube quem fui.
É tarde, e você não precisa mais dizer. A vida sempre passa, e a gente devia saber a que se agarrar, mas o destino não volta atrás. Eu voltei, voltei e voltei. Mas você já tinha me deixado ir, antes de aceitar, antes de ver. Meu tempo nunca foi de graça, meus sonhos nunca foram de graça. Seu medo, sua indecisão, suas certezas, minha pose de porto seguro. Tudo isso que passou por entre seus dedos custaram o coração que você, assim, destruiu. Ainda sinto o cheiro de couro, o som do rádio dizendo tudo o que não poderíamos, e nossos pulmões cansados de riso, e canto. Fica a nostalgia cálida tatuada no sorriso que só pertenceu a você, ficam presas no cheiro de maresia todas as lágrimas pelas palavras que você não foi capaz de dizer. No cheiro de maresia, fica você e a sua certeza de ter perdido quem você teve tantas vezes certeza que tinha partido. Até agora, quando sua estátua de ouro resvala entre os cacos do coração partido, e você não precisa mais dizer nada, talvez nunca perceba realmente que fui sua única.