segunda-feira, 10 de março de 2008

Ode aos dias

A massa onisciente da agonia
As noticias de agora de hoje em dia
Dez segundos, dez mil anos... fibras óticas
Das análises caóticas às circunstancias despóticas

O dia, a noite, a informação, a orgia onírica dos vícios
o prelúdio do fim anunciado põe anônimos sócios
de Anônimas sociedades engolindo o universo abstrato
números gerando fome, fome gerando morte, morte hábito

Morte no hálito das ruas - que é de todo esse inferno - substrato
O retrato glorioso do gozo deste tempo desgostoso o clímax de uma era
o despertar de uma fera que decepa cabeças voluntárias a bandeja
que despeja seu gosto de inveja, seu bouquet de xanax
Seu duvet de diversão torpeza, seu céu seu inferno, sua indústria sua igreja

Seus olhos de vidro na plasticidade de seu mundo cinza, do meu mundo cinza
Das cinzas desse fogo de onde sairemos fênixes ou não, letárgicos zômbicos...
Sabe lá o que sairá do murmúrio-anão do fim de um mundo disforme-mágico
De dinâmicas anacrônicas embasbacantes de tão babacas

Sumindo todo dia no sufoco gástrico de viver no futuro
Queimar os dias de hoje nos dias de amanhã, agendas relógios, a gente os espólios.
Queimar do amanhecer verde metropolitano. olá monóxidos, dióxidos, destroços
olá viela de alterações biológicas, olá monstros míticos desses dias

Meninas, meninos,crianças. Um beijo, uma lambida. Enchem a barriga
Do pus sexo-social de nossos dias, da quintêssencia da vida
Inocências vendidas no mundo sem lei, por menos que um prato de comida.

Por nervos em frangalhos, por olhos sem íris, por bocas ressequidas.
De Craxi, de cola, do thinner, da fome, da merla, da merda da vida
Da eternidade instantânea dos segundos pontiagudos passantes
vinte e quatro horas de aula: dispersão intensiva dirigida
Fome explosiva de poder! Comunicação massiva distorcida

Os tiros, a balburdia, a doutrina hiperinflada do medo
Cebola, alho, cominho, e gente; Tempero barato.
Ingredente agridoce deste cômico enredo

Aproximo-me, esfrego-me, enveredo-me, imiscuo-me
Das vísceras podres do concreto esverdeado das Revoluções
Nos prédios lacrados das corporações, no mundo de cromo da situação
Paredes reluzentes de aço coruscante, pedra, sobre pedra infame
Sob o grito fenomênico desistente desse último instante
A beira do abismo onisciente. Do fim anunciado desinportante


O homem que reprime o assassínio corta as veias de seu mundo
e deixa-o sangrar na indiferença e o mundo nosso morre indigente
E não, não me digam que foi a gravidade a derrubar esta torre
Fora a gravidade do engenheiro ao tentar retificar - de tornar reto -
As espiras do bruto, tentar eufemizar ser homem acabando no próprio reto

CEOs, corretores,a máquina caótica dos sócios minoritários, os corruptores
cães de guarda, putos, estopores - da parte do cão corporativo -
da babel babona, bêbada! Ruere Babel, Ruere Babel do bobo novo milênio.

Dos milésimos de sengundo onde vive todo teu dinheiro
O muito pouco do mundo muito derretendo o crânio
Empobrecemos vidas, raízes, sorrisos, países, sonhos.
Enriquecemos urânio, escárnio, escarros, escrotos!

Vamos, Vamos etnocídio pela paz; Vamos globalizar a guerra!
Vamos, vamos nos transformar em estrelas, nos cobrir de luminescência
Derretamos a fluorescência dos escritórios, dos laboratórios, dos sanatórios
Dos sanitários. Vamos Intumescer os olhos da negra foligem

Das narinas esbranquiçadas dos montes de cocaína
Dessas tuas veias mundanas de nitroglicerina
Dos pulmões, dos dedos, dos olhos e cabelos, tingidos de nicotina
Da meditação diária na carnificina invísivel da vida-morte de mercado

Dessa insurreição velha de espiritualismo importado de lá, de cá.
Dos últimos Hopi, dos últimos tucanos, dos últimos do juruá
Último tempo, última hora, mundo de sempre mundo de agora.
Agora a glória da história memória que uiva esses modos de mória

Das luzes nossa troça pulsante, mórula atemporal de euforia
Nossa pausa temporal gordurosa, dessa cancerigena agonia
O farfalhar de todas as folhas fluídas de jornal

Quintais, espaços, florestas, lamaçal, o matagal
Tudo quanto é vivo transpaçado de vil cinzento metal
Vida límpida confundida com aço enlaço em pontas e espinhos

Ninhos de aves, sonhos tão graves. Gente tão mutante
Cidades com a morte liquida ladeada de estradas
Brilho, rejuntes, calçadas, beleza leza e falso futuro
Falho virulento, pesado e pesaroso, absurdo futuro escuro.


O virtual momento virtuoso, o virtuoso momento virtual
Mundo do bem, mundo do mal, mundo bem mal, débil mental
Igualando-se aos outros para provar sua individualidade
Dividindo o indivisavel ficando com tudo para si mesmo

Vagando a esmo pelas frestas de sua realidade relativa
Na crõnica invasiva do universo da informação reativa
Na passividade dos ciclos decatentes das decadas
Viva a vida de ontem reativada, viva a pilha desvairada de dias

Vivamos o desvairio cósmico de existir e ser nada e ser tudo
Vivamos o quebra-cabeça de gente num uníssono igual-diferente
Vivamos o sono abismal dos setessentos canais de televisão
Vivamos a diversão da subversão das subversões incoerentes

Alegrem-se pois é o fim de nossa agonia coruscante
Alegrem-se e enfeitem-se do marfim do elefante branco que cai
Alegrem-se pois se isso doi é mentira, se é mentira perdura, então cura

Desilusão! A nuvens não são de algodão, o aço corta, a luta é em vão
Desilusão! A chuva é a vida, e a chuva também queima, DESILUSÃO!
Desilusão! O trabalho edifica o homem, Vejam aí o pedreiro anão.
Desilusão! O mundo não fica mais desse jeito não, vira pó na tua mão!

Vamos! Vamos botox,xanax,benflojim, prozac. Plástico, plástica, ginástica
Vamos! Vamos escultores de corpos, vendedores de mentira, linda e mágica!
Fomos! fomos humanos, fomos orgânicos. Fomos à merda tantas tantas vezes!
Fomos! fomos usados, fomos usura, fomos luxúria, somos lindos e velozes!

Ferrari, Armani, Versace, Ferre, mais dinheiro, desbalanço e mais mulher!
Dolce & Gabanna, Svarovski, Channel, mais poder, hedonismo e prazer!
Somos chique, somos morte, somos a faca o queijo, a carne e o corte
"somo seaway tessado, e corote" são gente, ninguém são, sanidade, subsídio!


Comunidade fratricida assistindo o suícidio televisionado das eras.
Feras engolindo feras, concreto engolindo quiméras, e o grito reverbera
FIM! FIM! FIM! No oco fundo dos encéfalos, na sala de espera dos acéfalos
Fim nas calçadas reluzentes, fim na luz azul das salas de estar
fim na noite que nunca dorme, fim dos dias que nunca acordam.

3 comentários:

Quimerus disse...

tem um mnt de erro no texto, quando eu tiver paciencia eu arrumo.


beeeijos.

Unknown disse...

bem escrito... inteligente.... passional!

mas vejo q vc nao leu o texto q te indiquei.



(...)e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos;(...)Ninguém vos engane com palavras vãs;(...)E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe.Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta.Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos(...)


;)

Thiago Valle disse...

Ei eu gosto dessa, deve ser pq num é díficil. (é sempre mto complicado deixar comentario pra ti, onde quer que seja) e deixa de viadagem só pq eu voltei a namorar, tu tá é com ciumes. ;*