domingo, 24 de fevereiro de 2008

Finito

Finito

Algum erro de interpretação há muito tempo atrás criou essa palavra. Como quase todas as palavras. Finito. Desde Lavosier só existe o transitório, e como já disseram “Assim como está em cima, está embaixo”. Então nada a acaba, nada mais complicado de aceitar. Por que todo o medo que nos move para longe de qualquer coisa é o da extinção de seja lá o que for.

As flores nascem crescem e morrem, não se preocupam com sua procriação são bonitas suficiente para as abelhas e tudo mais que se alimenta de néctar. Nascem, vivem, reproduzem-se e morrem, no heart feelings. Ninguém se machuca e a espécie continua lá. Em um outro nível temos o espelho, nós. Seres humanos, perecíveis, mortais. E sabendo disso. Quando eu era criança a única coisa que absorvi de religião foi que nós somos iguais ao nosso criador.

Nosso criador... Parece extremamente idiota quando a gente para pra pensar, é muito contraditório, nós o amamos e somos tão imperfeitos. Se as criaturas mais aptas a viverem no mundo onde ele criou. É a criação mais importante , a obra prima, é o que destrói todas as outras criações. Ruim, triste? Podem me chamar de louco, mas eu só sou virtualmente paradoxal. Como as outras coisas todas. Por que eu comecei esse parágrafo assim? Se nós somos a obra prima de nosso criador, e somos a principal criação dele. O que diabos nós estamos fazendo aqui. Fico triste quando as pessoas atravessam suas vidas, não que não deixem marcas, não que não mudem qualquer coisa. Mas o grande desespero existencial é a maior besteira do mundo, medo de criar, medo de existir, medo de viver, de expressar-se. Somos no mínimo ridículos por isso. Eu já disse muitas vezes sejam egoístas, mas isso é muito complicado de entender, e se nós não entendemos o que significa sim, o que significa não, o que significa viver, é melhor que eu passe a dizer; Sejam egotistas.

Não chegamos nem a estar andando em círculos, estamos quase todos parados, uns dizendo que o mundo não funciona, outros transformando suas vidas numa exaltação do que é vigente e está errado. Fica difícil viver assim, e isso não é motivo para deixar que tudo seja o que é. Por que é transitório, deixa de ser assim um dia, e vai continuar sendo como você deixou sendo quando você for embora. Se esse é nosso mundo, se essas são nossas vidas, nós devíamos tomar responsabilidade por ela, nossa vida é uma dádiva, deixar de usa-la, deixar de ensinar, deixar de aprender, deixar de criar, deixa-la passar. Isso é heresia.

Tudo passa pela nossa vida, eu as vezes penso que paradoxo é minha palavra preferida, mas nostalgia continua sendo a melhor, por que nostalgia é o retorno de algo que você não pode se esquecer, a memória é só a parte feliz do esquecimento, a nostalgia é o paradoxo do passado que deve ser esquecido com o agridoce de ser lembrado. Lembrar e esquecer, trazer a existência. Mover o foco da nossa spot light de pensamentos. Ver o que foi, entender o que será. Não é que exista um destino, é que existem pessoas e essas pessoas são previsíveis. O que deve ser mantido, o que pode ser mudado... Saberemos de algo, do que mudamos, mudaremos muito sem nos dar conta.

Isso nos faz perfeitos, nosso efeito sobre nossas deidades externas, quando Ginsberg vê deus em todos os cus, eu o compreendo plenamente, por que deus está em todos os cus, em todas as vidas, e em todas as mortes, em todos os caminhos, em todas partidas e em todos os destinos, é tudo. Não pode ser um velho vendo tv. É a força criadora, e eu nunca vou aceitar que deus é perfeito, por que se nós fomos criados, e nenhum de nós é perfeito, não há como nosso criador ser perfeito, e talvez seja só uma forma cósmica de equilíbrio, e essa é só mais uma das minhas frases com a qual eu não me importo, por que é só até onde eu consigo ver. Eu sou a obra prima do melhor autor, e eu não sou perfeito, não há vergonha em fazer errado.

Eu estou aqui, você está aí. Pelos últimos três anos venho escrevendo sobre isso, para descobrir que eu não estou em lugar nenhum, e ninguém está em outro lugar. É só uma coisa, nós somos a força que nos criou desmisturada, nós somos a análise de nossa criação. Nossa criação somos nós como um, nossa realidade é nos reinterpretar como muitos chegando a nós como um. Um diferente de nosso antigo um. Isso é evolução no macro. É como se nós fossemos um bloco de carne, viramos carne moída, e tentamos chegar ao hambúrguer. Outra forma, ainda imperfeita, mas uma unicidade por nós mesmos.

Sempre acabo compelido a escrever sobre essas coisas, não que eu me considere um expert na arte de viver, mas eu já estou bem adaptado a condição. Eu bato minha testa nas vidraças da vida muitas vezes, mas a parte divertida é cair no chão rindo. Não fingindo que a vidraça era visível, e que eu não sou um ser humano capaz de caminhar em um labirinto de espelhos.

Viver como uma personagem minha disse é errar, as vezes nós sabemos as vezes não, mas sempre erramos e erramos sempre em sentidos diferentes, sempre por motivos diferentes, não é tanto sobre aprender com os erros. Creio que seja mais sobre a dignidade do erro.

Um dos erros mais tristes que já cometi foi acreditar que meu coração fosse leviano, achar que eu não poderia conhecer as pessoas pelo que via nelas. E eu sempre soube que estava errado, de todas as vezes que me apaixonei foi de uma vez só, em um olhar só, não existe isso de as aparências enganam. E eu acho que eu escrevi até aqui, sobre esse monte de coisas emotivas, por que eu tenho que lembrar de como é válido ser leviano. Por todas as coisas passageiras, por todas as pessoas de passagem, quando digo todas, são realmente todas. Elas vão embora.

Amar precipitadamente é só amar, o resto são decepções, e medo de decepcionar-se é medo de viver, por que a pessoa que mais nos decepciona é a pessoa que nós vemos todos os dias no espelho do banheiro. Então, o grande esquema deve ser amar todas as pessoas. Por que todas as pessoas erram, e você nunca vai ver todos os erros de ninguém, e se for esperto vai ver uma grande parte dos seus.

A grande coisa é amar e demonstrar seu amor, por que as pessoas voam para longe, ou vão para debaixo da terra, tudo é transitório, tudo nos parece finito, e devemos viver pelos momentos que temos com aquela parte de nós, por que se nós estamos contidos em um corpo e existem tantos outros, nos conhecer completamente é conhecer uma fração muito pequena da gente. Vivamos nós, e vivamos os outros. Por que nós ficaremos juntos conosco - Com nosso corpo. Até a morte - e sozinhos. Os outros vão embora.





Nenhum comentário: